Crítica


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Sinopse

Após perder o dinheiro que tinha, um casal novaiorquino decide fugir da correria da metrópole e viver numa comunidade alternativa. Mas, essa calmaria toda não traz apenas paz a tranquilidade.

Crítica

Há tanto a falar – e, ao mesmo tempo, tão pouco a ser dito – sobre Viajar é Preciso, que chega a ser complicado saber por onde começar. Fundamental é dizer que se trata de uma tentativa de comédia escrita e dirigida por David Wain, o mesmo dos tolos Faça o que eu digo, não faça o que eu faço (2008) e Mais Um Verão Americano (2001) e que, assim como nestes dois longas e em quase todos os seus projetos anteriores, é estrelado por seu ator-fetiche Paul Rudd, um intérprete que pode funcionar muito bem quando dirigido com mão firme, mas que sem um direcionamento explícito volta e meia termina se repetindo – o que, de fato, acontece aqui também. Por fim, há a outra protagonista, Jennifer Aniston, uma estrela que ainda não encontrou seu lugar no cenário hollywoodiano – e este projeto não lhe ajuda em nada neste processo.

Rudd e Aniston são George e Linda, um casal de jovens talentos (apesar de ambos já terem mais de 40 anos) que acabam de ser expulsos de Nova York. Ele é um burocrata de uma empresa recém falida, ela uma cineasta experimental sem sucesso. Sem condições de se manterem, decidem aceitar uma oferta de emprego do irmão dele, que mora em outro estado. No caminho acabam se perdendo e indo parar numa colônia hippie que irá mudar o comportamento deles. Decididos a tentar esse novo estilo de vida, tudo corre bem no início, mas logo as diferenças começam a se manifestar. Como morar num lugar que não possui portas, onde matar um mosquito é um crime contra a natureza e que a prática do amor livre é mais do que natural?

É interessante perceber como o personagem de Jennifer Aniston não possui a menor consistência. Se no começo é ela a primeira a se posicionar contrária àquela situação, de uma hora para outra simplesmente muda de opinião – sem que nada de importante aconteça. A transformação em Rudd – que faz um processo contrário, de entusiasta à resistente – é mais sutil, porém não menos justificada. Entre os coadjuvantes, salva-se o veterano Alan Alda em uma única cena (a do restaurante, quando percebemos sua verdadeira identidade) e Justin Theroux (que durante as filmagens começou um namoro com Aniston), que mesmo sem ser um ator tão versátil – ele é mais reconhecido por seu trabalho como roteirista de títulos como Trovão Tropical (2008), Homem de Ferro 2 (2010) e Rock of Ages (2012) – consegue compor um tipo interessante. Malin Akerman, uma atriz em atual ascensão, tem uma participação completamente descartável.

Composto em cima de clichês do gênero e fazendo uso quase que constante de um humor óbvio e cansado, Viajar é Preciso representou um passo em falso na carreira de qualquer um dos envolvidos. Fracasso de público – faturou menos de US$ 20 milhões nas bilheterias americanas – e desprezado pela crítica, é desprovido de qualquer ponto de maior interesse que justifique sua existência. Medíocre e facilmente esquecível, é disparado o pior dos trabalhos já feitos em parceria pela dupla Rudd-Aniston, que foram vistos juntos antes no sensível A Razão do Meu Afeto (1998), e, é claro, na clássica série Friends (1994-2004). Bons tempos que, pelo jeito, não voltam mais.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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Robledo Milani
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Edu Fernandes
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MÉDIA
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