Crítica
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Sinopse
Ward é um jornalista que precisa voltar à sua cidade natal para cobrir a prisão do homem condenado à morte por assassinar o xerife local. O problema começa quando seu irmão caçula começa a se envolver com uma mulher mais velha que tem conexões com o prisioneiro.
Crítica
A trama de Obsessão começa com a narradora exumando um crime. Ela foi testemunha privilegiada da matéria que buscou desvendar o caso, pois empregada dos Jansen, verdadeiros protagonistas do relato. Na época, Ward (Matthew McConaughey), filho mais velho da família, regressou para casa acompanhado do amigo negro Yardley (David Oyelowo) a fim de escrever para grande periódico. Reencontrou Jack (Zac Efron), seu irmão mais novo, entregando jornais e o nomeou motorista da empreitada. Breve, eles conheceram o acusado de assassinato, Hillary Van Wetter (John Cusack), e Charlotte (Nicole Kidman), então interessada em provar a inocência do pretendente, também alvo involuntário do primeiro amor de Jack. Estamos nos anos 1960, por sinal, muito bem evocados pela fotografia de Roberto Schaefer.
Obsessão é o mais recente filme de Lee Daniels, mesmo diretor que “cometeu” Preciosa (2009). Começa confuso, mas logo entra nos eixos e passamos a entender quem é irmão de quem, quem gosta ou não gosta de quem. O que parte como investigação jornalística, desvirtua-se para o drama de “amar sem ser amado”, resvala no preconceito racial, flerta com a dificuldade de crescer traumatizado sem a mãe, encosta de leve na questão homossexual e acaba em violência. Temperos fortes, certo, mas urdidos como se travassem batalha por atenção. Um dos grandes problemas é justo esse: querer abraçar o mundo, obter o melhor de cada núcleo sem a habilidade para fazê-los servidores do todo e não rivais de antecessores e sucessores.
Evidência maior que Daniels dirige como se não pudesse frear caminhão desgovernado é o trabalho com os atores. Estão todos muito bem, mas gritam as dificuldades diretivas em balancear personagens e intérpretes excelentes. Exemplo disso, Nicole Kidman faz seu melhor papel em anos, riquíssimo e repleto de nuances, mas é “podada” sempre que ameaça tomar o filme para si. Apenas John Cusack (outro em trabalho notável) recebe chancela para dele se apropriar vez o outra, mais para o final. Aliás, algumas das passagens mais interessantes do ponto de vista dramático são interações sexuais entre Kidman e Cusack. Esqueça a polêmica em torno da discutida cena dela urinando sobre Efron, quase cômica de tão mal filmada.
Uma lástima que ao fim de Obsessão, embora possamos nos compadecer dos tipos, das tragédias e dos dramas, fica a sensação de que havia tanto a ser desenvolvido nesse enredo baseado no livro de Pete Dexter, múltiplos vieses interessantes, não fossem os tiques de um diretor que parece sabotar sua obra, sequência após sequência. O longa passa longe dos exemplares alienados ou ávidos por gordas fatias de mercado. É intimista, repleto de observações pertinentes, inclusive sobre as dificuldades sociais do período retratado, boas interpretações, etc. Mas não decola, pois solapado por seu próprio comandante.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Marcelo Müller | 5 |
Daniel Oliveira | 4 |
Chico Fireman | 1 |
MÉDIA | 3.3 |
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