Sinopse
Crítica
Fábulas com monarcas apaixonados por plebeias não são necessariamente uma novidade. Os clássicos contos de fadas estão recheados de histórias assim, cujo resultado é unificar dois mundos aparentemente incompatíveis. Essa premissa também serve de princípio para enredos com semelhante intenção, mas dentro de outras dinâmicas. Vide Uma Linda Mulher (1990), filme no qual uma prostituta se vê nos braços de um sensível e charmoso ricaço. A produção norueguesa Royalteen utiliza os lugares-comuns desse tipo de trama e segue relativamente à risca as suas etapas convencionais. A Gata Borralheira da vez é Lena (Ines Høysæter Asserson), a recém-chegada à capital Oslo que vive a expectativa do primeiro dia de aula na mesma escola dos herdeiros do trono. Na verdade, a expectativa é bem mais da mãe dela – representante da população deslumbrada com a monarquia, enquanto o pai é um republicano convicto. Lena é a garota estilo “normal”, um dos pressupostos desses enredos em que a surpresa está no desejo do príncipe. Desde o começo, o interessante é que os diretores Per-Olav Sørensen e Emilie Beck aparentemente têm consciência de transitarem num caminho de chão batido. Por isso, a dupla não reforça as coisas óbvias, como o fato do sucessor se engraçar por Lena justamente por ela ser pouco encantada pela monarquia e trata-lo como um colega de igual para igual.
Portanto, de saída, ponto para Royalteen. Sim, pois nem sempre se trata de fugir dos clichês como o diabo da cruz, mas de saber transitar entre essas convenções, não martelando o que está consolidado no imaginário do espectador por conta de tantas produções pregressas. Lena é gentil, cuida do irmãozinho com diligência e se diferencia bastante do restante da paisagem juvenil que cerca o príncipe Kalle (Mathias Storhøi). Claro que, a despeito das probabilidades, os dois se apaixonam e enfrentam um sem número de obstáculos até que o “felizes para sempre” se imponha como resquício dessa fonte dos contos de fadas. O longa norueguês é ambientado na atualidade, ou seja, não temos carruagens e outros signos que poderiam atrelar o discurso ao passado. Os membros da realeza precisam se preocupar com armadilhas da modernidade, como fotos vazadas nas redes sociais e outras situações que podem ganhar vulto de escândalo se forem parar nos ambientes de hiperexposição da internet. E essas questões entrecortam o improvável relacionamento da plebeia e do herdeiro do trono, não sendo aprofundadas por conta da vocação do filme a ser uma releitura pouco ousada de algo que já vimos inúmeras vezes com roupagens circunstancialmente diferentes. No entanto, é bom que essas coisas existam com relativa gravidade dentro de uma produção abertamente voltada ao público adolescente .
Quanto ao andamento da trama, não há tanto espaço para as surpresas. Lena e Kalle se encantam mutuamente, evitam se expor em público num primeiro momento, passam a ser notoriamente um casal, têm o vínculo ameaçado por segredos e ruídos e, no fim das contas, encontram formas de conciliar o que parecia inconciliável. Escancarar neste texto o arremate com o final feliz nem pode ser considerado um spoiler, pois a adesão aos lugares-comuns é tão precoce que seria realmente uma quebra enorme de expectativa se isso não acontecesse no encerramento. Portanto, temos uma história previsível, mas que consegue a proeza de, ainda assim, nos envolver num conto de fadas moderno. O desempenho de Ines Høysæter Asserson confere um tônus específico a essa protagonista que enfrenta a malícia do entorno num primeiro momento e, posteriormente, tem de lutar contra a vontade de enterrar o passado para ele não interferir no futuro. A jovem atriz consegue mesclar doses equivalentes de vulnerabilidade e determinação, fazendo de Lena uma personagem a quem facilmente nos afeiçoamos e por quem torcemos. A espontaneidade da menina que revela o aspecto ridículo dos protocolos da alta sociedade poderia ser melhor aproveitada? Sem dúvida. Porém, mesmo tímido, esse traço serve para criar um contraponto à dura etiqueta real que engessa tudo e todos.
Convém à crítica tentar compreender os filmes pelo que são, colocando em perspectiva estratégias e a linguagem empregada, ou seja, os atributos por meio dos quais atendem ou não a intenções/pretensões. Royalteen não busca ser mais que uma releitura nórdica da Cinderela, em que a Gata Borralheira não vive num ambiente doméstico opressor – pelo contrário, pois os pais de Lena são incrivelmente compreensivos –, e a futura cunhada se comporta mais como a MÁdrasta do que a rainha adoecida. Aliás, outro deslocamento interessante é a monarca recebida com tensão pelos familiares por conta do quadro de ansiedade que ameaça igualmente romper com a rigidez do protocolo real. Esse é outro aspecto que mereceria desdobramentos e uma atenção redobrada. No entanto, os cineastas Per-Olav Sørensen e Emilie Beck pegam um modelo para lá de utilizado no cinema, na televisão, no teatro e na literatura – em suma, em qualquer suporte para contar histórias – e adicionam elementos para torna-lo menos comum, sem com isso propor rompimentos e transgressões severas (uma pena). E, além disso, os dois demonstram habilidade suficiente para desviar o olhar do espectador de algo que será revelado, preparando uma reviravolta capaz de adicionar camadas à Lena quando o filme se aproxima do encerramento. O resultado é um mais do mesmo com aquele sabor reconfortante de algo que conhecemos, quase de cabo a rabo, mas que ao menos reivindica alguma personalidade.
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Qual e o nome do cantor que escrevu a musica, que o amigo do principe cantou
De que e a musica cantada pelo amigo do principe herdeiro????
Alguém me explica se a irmã do príncipe herdeiro morreu) de ódio) rs... ? E levou o segredo com ela?