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Sinopse

Reuben Feffer é um homem prevenido, que detesta correr riscos. Porém, um fato insólito muda completamente sua vida: a esposa o abandona com um mergulhador, em plena lua-de-mel. Desolado com o ocorrido, ele acaba se envolvendo com Polly, uma mulher agitada que gosta de viver a vida intensamente.

Crítica

Se existem razões para se assistir a Quero Ficar com Polly, essas estavam quase que inteiramente no trailer do filme. Afinal, o longa em questão até possui algumas boas piadas, mas muito de sua graça se perdeu com essa pequena prévia. O que sobra, no entanto, é apenas um produto vazio e clichê, que recicla antigos maniqueísmos do gênero “comédia romântica politicamente incorreta e abusada”, sem acrescentar nada de novo ou criativo. O título nacional, uma clara referência ao sucesso Quem Vai Ficar com Mary? (1998) – também estrelado por Ben Stiller – acaba funcionando de um jeito equivocado, pois alerta de antemão para a falta de originalidade deste projeto.

E não é por menos. John Hamburg, diretor e roteirista de Quero Ficar com Polly, é mesmo o responsável pelo roteiros do citado Quem Vai Ficar com Mary?, que dessa vez tenta a todo custo recriar os mesmos elementos que tão bem funcionaram na primeira vez, porém sem a mesma competência. Ben Stiller é novamente o protagonista, e se repete também o senso de humor um tanto exagerado e pouco respeitoso. O comediante aparece como Reuben Feffer, um agente de seguros que perde sua esposa durante a lua de mel numa ilha paradisíaca para um marombado qualquer. Amargurado, encontra uma antiga colega de escola ao voltar para Nova York (a tal Polly, noutro gracioso desempenho de Jennifer Aniston), e por ela se apaixona quase que de imediato. E como tudo é imensamente previsível, assim que Reuben e Polly começam a se acertar – apesar de suas evidentes diferenças – a antiga noiva dele (Debra Messing) volta arrependida e decidida a reconquistar o ex-namorado.

Apesar da trama dispensável e facilmente esquecível, há alguns pontos de destaque em Quero Ficar com Polly. Apesar de Stiller se repetir pela enésima vez, ele funciona bem nesse tipo de personagem, perdido e derrotista com o qual muitos se identificam. E se Aniston é uma presença iluminada, definitivamente o melhor do elenco é Philip Seymor Hoffman, que aparece  como o melhor amigo do protagonista, um ator arrogante de um único sucesso, feito na sua adolescência, e que vive da lembrança desse bom momento até hoje. Philip era aquele tipo de profissional que conseguia literalmente “tirar leite de pedra”, arrancando boas interpretações mesmo de papéis inexistentes, com o do amigo ouvinte que só dá conselhos ao mocinho. O que, de fato, é exatamente o que acontece aqui.

Quero Ficar com Polly teve, surpreendentemente, um relativo sucesso nos Estados Unidos, onde arrecadou mais que o dobro do seu orçamento total, de cerca de 40 milhões de dólares. Um resultado que serviu para manter em alta o nome de Stiller e confirmar a ex-Friends (1994-2004) como uma atriz de cinema viável, capaz de ser o primeiro nome feminino de uma produção para a tela grande. Mesmo assim, foi somente mais um passo em suas carreiras, que até ofereceu alguma conseqüência positiva imediata, porém tendo caído no esquecimento logo em seguida. Algo que também irá se suceder com todos aqueles que se aventurarem a conferir essa bobagem.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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