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Sinopse

Depois de criar sozinha suas três filhas, Daphne toma uma decisão em relação a sua caçula, Milly: ela escolherá o futuro marido da jovem. Para conseguir isso, ela coloca um anúncio no jornal sem o conhecimento de Milly.

Crítica

O que falar de Minha Mãe Quer Que Eu Case, título nacional patético, porém totalmente adequado para um desastre como este? Tudo, absolutamente tudo aqui é muito ruim. A começar pelo gênero, uma comédia romântica sem a menor inspiração, que se limita a repetir os mais comuns clichês, sem qualquer preocupação em reciclá-los. Está tudo lá: as trapalhadas inverossímeis, as personagens sem a menor função além de ocupar espaço na tela, o bichinho de estimação engraçadinho... até torta na cara tem! Enquanto isso, a trama vai se desenvolvendo aos trancos e barrancos, da maneira mais previsível possível.

E qual é o enredo? Bem, o nome do filme entrega tudo, já de bandeja. Diane Keaton, péssima em cena, exagerada, repetindo à exaustão todos os seus trejeitos mais irritantes, é uma senhora que criou sozinha as três filhas. As duas mais velhas não passam de estereótipos - a única, com um pouquinho mais de destaque, é interpretada por Lauren Graham, do seriado Gilmore Girls. Ela é uma psicóloga, e tenta, vez que outra, entender as loucuras da família. A do meio, vivida pela bela Piper Perabo, de Doze É Demais (2003), praticamente não tem falas, aparecendo apenas para desfilar a bela figura. Já a caçula ganha corpo e voz da também cantora Mandy Moore, aqui investindo na carreira de atriz. Depois de pequenas participações em bobagens inofensivas como Tudo Por Um Sonho (2006), A Galera do Mal (2004) e Um Amor Para Recordar (2002), ela finalmente ganha um papel de protagonista. Melhor seria continuar como coadjuvante.

O problema da mamãe (viúva? separada? desquitada? solteira? não se sabe...) é que, apesar das duas filhas mais velhas estarem bem casadas e encaminhadas na vida, ela não se conforma com os fracassos românticos da menor. E por isso resolve se intrometer, colocando um anúncio na internet para encontrar o par ideal para a pequena. O selecionado é um jovem arquiteto, muito rico, chique, refinado e chato. Um pastel de vento. Neste meio tempo surge outro rapaz no caminho da moça, um músico que cria sozinho o filho. Ele a encanta com seu jeito natural e sincero. Por qual dos dois a garota irá se decidir?

Michael Lehmann, diretor do também chatinho, porém um pouco mais interessante, 40 Dias E 40 Noites (2002), com Josh Hartnett, coordena este novo fracasso. Ao invés de tentar se bastar no carisma das atrizes, ele força por demais a barra, abusando da comédia visual e desproporcional, com piadas que constrangem o espectador. Uma atriz como Keaton, vencedora do Oscar por Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977), de Woody Allen, e presente em títulos como O Poderoso Chefão (1972), Reds (1981) e Alguém Tem Que Ceder (2003), não precisaria dessa catástrofe no currículo (apesar dela ter também uma boa quantia de bombas no passado). Vergonhoso!

Minha Mãe Quer Que Eu Case, ou Because I Said So, é embaraçoso. Sem ritmo, dirigido por descuido com um cineasta amador e defendido por um elenco completamente perdido em suas intenções, se salva apenas pelo interessante Gabriel Macht (Uma Canção De Amor Para Bobby Long, 2004), um ator que merece ser descoberto. No mais, a trilha sonora óbvia, o roteiro linear e o figurino assustador terminam por afugentar até o mais bem intencionado da plateia. Evite com todas as forças!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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