Uma Canção de Amor para Bobby Long
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Shainee Gabel
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A Love Song for Bobby Long
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2004
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EUA
Crítica
Leitores
Sinopse
Depois de saber que sua mãe morreu, Pursy volta à sua cidade natal para reivindicar a propriedade da família que lhe coube como herança. Ao chegar ela descobre que dois homens que passam seus dias bebendo estão no imóvel.
Crítica
Num país onde um lançamento médio chega aos cinemas com algo entre mil e duas mil cópias, é curioso saber que este Uma Canção de Amor para Bobby Long foi lançado nos Estados Unidos com somente 8 cópias, chegando ao máximo de 24 salas exibidoras nas semanas seguintes. Terrível fracasso ou inacreditável falta de sorte? Descrédito da própria distribuidora ou erro de marketing? As opções são muitas para explicar o tamanho descaso que este filme recebeu ao chegar às telas em seu país de origem – no Brasil, para agravar o caso, o longa nem estreou nos cinemas. Mais sintomático ainda é perceber que temos à frente do elenco dois nomes que, ao menos em 2004, encontravam-se em alta: John Travolta e a revelação Scarlett Johansson. E quem deixar de lado essa rejeição inicial irá se deparar com um interessante drama sobre sentimentos internos e decisões sofridas.
Escrito e dirigido pela estreante em ficção Shainee Gabel – que desde então não trabalhou mais com cinema – o principal destaque de Uma Canção de Amor para Bobby Long está justamente no seu trio de protagonistas. Travolta, apesar de evidentes maneirismos, demonstra bastante esforço em tentar compor um personagem marcado pelas frustrações do passado, que sofre pelos erros cometidos e parece ter desistido de tentar consertá-los. Johansson, numa interpretação indicada ao Globo de Ouro de Melhor Atriz em Drama, é uma presença luminosa, simples e direta. Esta garota tem muita força, é precisa e econômica em suas ações, consegue atingir o nível necessário para o papel com naturalidade e graça, apesar disso limitar suas opções dramáticas. Por fim temos Gabriel Macht, que tentava se firmar como galã, sem muito sucesso. Ele, que até então só havia aparecido como coadjuvante em produções estreladas por nomes como Colin Farrell, Anthony Hopkins e Owen Wilson, ganha aqui uma real oportunidade de mostrar seu talento, num desempenho ao mesmo tempo sensível e viril.
Uma Canção de Amor para Bobby Long nos mostra o que acontece a estas três pessoas quando uma conhecida em comum deles morre. Mãe de Pursy (Scarlett) e ex-amante de Bobby (Travolta), Sandy, ao falecer, deixa como única herança aos dois – e ao amigo Lawson (Gabriel) – a casa onde morou. Desse modo, os três vão ser obrigados a conviver juntos, mesmo que os homens tenham tido pouca – ou quase nenhuma – familiaridade com a menina anteriormente. Aos poucos eles irão se conhecendo melhor, ao mesmo tempo em que antigas feridas aparecerão, revelando segredos que talvez fossem melhor ficar esquecidos. O cenário é Nova Orleans, e a decadência geográfica se espalha também aos sentimentos destes tipos, que conseguem ir além do estereótipo graças ao bom trabalho de seus intérpretes e a sensível condução da realizadora.
Gabel conduz sua trama com bastante calma, sem se apressar. Isso pode cansar os menos pacientes, mas termina por oferecer ao seu filme um ritmo diferenciado. Seu interesse está em estimular uma reflexão a respeito do que sentem estes personagens, suas motivações e lembranças. O que se passa dentro de cada um diz muito mais do que seus atos e diálogos. Certamente não é um trabalho que deve agradar a todos, mas os que por aqui decidirem se aventurar não ficarão arrependidos. Nem que seja pela oportunidade de conferir uma atriz em pleno desenvolvimento mostrar-se à altura de um enredo que vai além de seus atributos físicos, buscando um talento em potencial, para justificar sua relevância enquanto obra.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 6 |
Bianca Zasso | 8 |
MÉDIA | 7 |
Eu particularmente coloquei há anos esses filme no meu top 10. A Autenticidade dos personagens (John e Scarllet incríveis), a mononotonia criativa da atmosfera, as filosofias baratas que nos levam a filosofias reais, o desamparo, as angusticas. É filme fantástico. Só que não tem heróis fantasiados, efeitos especiais, dramas exagerados. É a arte imitando a vida. Para quem sabe sentir esse filme ele tem que ser um top 10.