Crítica
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Sinopse
Zev e Max são melhores amigos. Eles fazem um pacto de dedicar os últimos dias de suas vidas à conclusão de questões pendentes do passado. Ambos desejam encontrar o oficial nazista que matou suas famílias na Segunda Guerra Mundial.
Crítica
Quando se tem Christopher Plummer e Martin Landau num mesmo elenco, de imediato parte-se da impressão de meio caminho já estar conquistado. No drama Memórias Secretas, no entanto, encontramos muito mais do que a presença dos dois veteranos vencedores do Oscar. Além de serem protagonistas – mais um ponto a favor do projeto – temos também a direção segura do canadense Atom Egoyan, voltando à boa forma de O Doce Amanhã (1997) após os decepcionantes Sem Evidências (2013) e À Procura (2014).
Plummer e Landau aparecem em cena como Zev e Max, dois colegas de asilo. A situação é triste: a esposa do primeiro recém faleceu. Apesar do lamento, é chegado o momento de partirem para a ação e de colocar em prática o plano que há tanto tempo delineiam juntos. Ambos são judeus, sobreviventes de um campo de concentração da Segunda Guerra Mundial. Após muita pesquisa, descobriram que o homem responsável pelos piores momentos de suas vidas, o torturador que lhes deu material suficiente para décadas de pesadelos e temores, também está vivo – e morando nos Estados Unidos! Anos podem ter passado, mas as lembranças seguem bastante vivas. É a hora, portanto, de irem atrás de uma tão esperada vingança.
Memórias Secretas poderia ser apenas mais um thriller policial com o diferencial do toque geriátrico se não fosse a excelência dos atores e o inteligente roteiro escrito pelo novato Benjamin August, aqui estreando na função. Sim, pois é ele o responsável por inserir o elemento que fará toda a diferença: Zev sofre de um tipo bastante inicial de demência que volta e meia lhe faz esquecer das coisas. Talvez não a ponto de não lembrar do próprio nome, mas de se questionar o que faz em tal lugar e quem são as pessoas ao seu redor. Por isso, precisa anotar tudo, ter cada passo programado e volta e meia recorrer ao amigo, já cadeirante, que ficou na casa de repouso, usando-a como um centro de operações. Um está na rua, à caça do antigo inimigo. O outro ficou para trás, mas com olho determinado no que irá acontecer à frente.
Ao compor esse personagem, Christopher Plummer dá um verdadeiro show. Ele combina a aparência frágil da senilidade com a determinação de um homem corroído pelo passado, alternando passagens de fúria e do qual não sabemos o que esperar com outros tão pacíficos a ponto de nos questionarmos o quanto aquilo ainda teria validade após tanto tempo. O trabalho de Egoyan, portanto, esteve em defender as palavras de August e em abrir espaço para essa performance irretocável do veterano Plummer, um legítimo exemplo de astro da era de ouro de Hollywood que só melhorou com o passar dos anos. Sua interação com nomes como o próprio Landau, passando por outros como o alemão Bruno Ganz, Dean Morris e Jürgen Prochnow permite ao espectador observá-lo moldar suas reações de acordo com cada um dos seus parceiros. No fundo, entretanto, a melhor dupla que forma é consigo mesmo, ao oferecer à trama um personagem tão multifacetado e rico em contradições e instabilidades.
Atom Egoyan é um cineasta preocupado com a História, e longas como Ararat (2002) deixam isso claro em sua filmografia. Em Memórias Secretas ele tem à sua disposição a parte mais crucial de um evento como esse: a pessoa, o homem, aquele que viveu na pele cada um desses episódios que, para alguns, estão apenas nos livros escolares. No entanto, ele consegue construir uma trama tão bem elaborada e desenvolta que termina por funcionar também como um instigante drama de suspense, em que cada reviravolta pode levar sua experiência a um desfecho até então imprevisto. Um filme pequeno, mas que vai se agigantando durante o seu desenvolvimento, até chegarmos a um desfecho arrebatador, que irá tomar qualquer um na audiência de surpresa não por sua magnitude, mas antes pelo intrincado jogo de quebra-cabeças cuja última peça finalmente irá se encaixar, revelando um quadro óbvio, porém impossível de se acreditar.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 8 |
Ailton Monteiro | 6 |
Marcelo Müller | 7 |
Francisco Carbone | 5 |
MÉDIA | 6.5 |
Na verdade zev não era judeu mas um nazista mas Max o fez acreditar que era judeu. Certo ?