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Sinopse

Durante uma escavação arqueológica, o professor Johnston cai numa fenda temporal e volta à França do século 14. O cientista que acidentalmente criou o portal envia o filho do professor para poder resgata-lo.

Crítica

É difícil encontrar um motivo válido para se fazer um novo filme sobre viagens no tempo, ainda mais depois do frustrante A Máquina do Tempo (2002). Pois apenas um ano depois o assunto novamente veio à tona em Linha do Tempo, um longa que não se justifica em nenhum instante, se contentando somente em ser somente um veículo descartável para o galã Paul Walker, que desde o estouro da série Velozes e Furiosos – que, aliás, serviu mais para o colega de elenco Vin Diesel do que para o suposto protagonista – vinha tentando se firmar como astro de ação, mas tudo o que conseguia eram escorregões como esse.

O pior, no entanto, é que Linha do Tempo tem a assinatura de um craque do gênero: Richard Donner, o mesmo homem responsável por títulos que se tornaram referência junto ao público, como A Profecia (1976), Superman: O Filme (1978) e toda a saga Máquina Mortífera. Como pode ter errado tão feio assim? Um olhar mais amplo talvez aponte alguns culpados. Após os subestimados como Assassinos (1995) e Teoria da Conspiração (1997) – dois filmes bons na teoria, mas fracassos de público – Donner perdeu muito do seu poder em Hollywood, restringindo-se mais ao cargo de produtor de filmes como X-Men (2000). Nada, no entanto, que justifique um trabalho tão inócuo e sem vida quanto essa releitura do livro de Michael Crichton.

Em Linha do Tempo, os clichês mais óbvios sobre o tema estão presentes: tem o herói contrariado, a mocinha indecisa, o vilão sem coração, o cientista desligado, o brutamontes simpático e a donzela em perigo. Um professor de arqueologia é enviado, através de uma máquina do tempo conectada a um “buraco de minhoca temporal” (nem eles mesmos se esforçam em explicar direito como a geringonça funciona) para a França do século XIV, em plena Guerra dos Cem Dias. Logo em seguida seus pupilos vão atrás na tentativa de resgatá-lo, apenas para criarem mais confusão e problemas. E é claro: os dados históricos referentes ao evento citados no início do filme sofrerão algum tipo de interferência dos viajantes durante suas trajetórias, complicando a situação de todos.

O grande defeito de Linha do Tempo é o seu roteiro, previsível e construído como uma grande peneira: tem tantos furos que fica impossível não adivinhar cada passo da história com antecedência. Além disso, a falta de carisma dos protagonistas (além do inexpressivo Walker, há uma apagada Frances O’Connor, um Gerard Butler no automático, um caricato David Thewlis e um monossilábico Lambert Wilson. Talvez com um diretor no controle de suas atividades fizesse alguma diferença, mas não foi o caso. Assim como os demais romances de Crichton adaptados para o cinema (com a única exceção de Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros, 1993), essa aventura resultou num irremediável fracasso, tendo arrecadado nas bilheterias norte-americanas cerca de um quarto do seu orçamento de US$ 80 milhões! E se nem no seu país de origem esse filme causou algum impacto, por que aqui deveria ser diferente?

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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Ailton Monteiro
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