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Sinopse

Em um futuro próximo há pessoas que são o próximo degrau na escada evolucionária humana, os mutantes. Dotados de um fator X em sua carga genética, cada mutante desenvolve um tipo diferente de poder e muitas vezes precisam aprender a controlá-lo, pois só se manifesta na adolescência ou mesmo quando se tornam adultos. Os mutantes sofrem um grande preconceito, pois os humanos em geral não entendem os poderes deles e temem que os mutantes, por serem superiores às pessoas comuns, irão perseguir a raça humana. Do lado dos mutantes, o combate a esse preconceito não acontece de modo uniforme. Alguns mutantes, os X-Men, são liderados pelo Professor Xavier, um telepata, e pretendem vencer o preconceito por meios pacíficos.

Crítica

No início do século XXI era praticamente impensável crer que filmes baseados em histórias em quadrinhos voltariam a ser sucesso de público e crítica como dez anos antes havia acontecido com Batman (1989) e Batman: O Retorno (1992), ambos dirigidos por Tim Burton. Após o fracasso da terceira e da quarta sequências do homem morcego dirigidas por Joel Schumacher, além de outras "pérolas" dos anos 1990, a única franquia que se salvou, com um tímido sucesso, foi Blade: O Caçador de Vampiros (1998). Com um histórico destes, quando o projeto de um filme baseado nos heróis mutantes da Marvel foi anunciado para 2000, havia muita dúvida e descrença sobre o que poderia ocorrer. Pois bastou X-Men: O Filme chegar aos cinemas para inaugurar um novo capítulo dos heróis dos quadrinhos nas telonas.

Com o competente Bryan Singer no comando, X-Men: O Filme adapta muitos elementos da história original, muda a formação inicial dos mutantes nos quadrinhos, troca os trajes coloridos por vestimentas escuras, mas mantém o essencial: muito mais que uma história de ação, o longa trata do preconceito contra seres diferentes. E a seriedade com que este tema é tratado acaba sendo um dos grandes trunfos da história, que ainda tem um elenco primoroso personificando alguns dos rostos mais conhecidos das HQs: Charles Xavier (Patrick Stewart), Magneto (Ian McKellen), Jean Grey (Famke Janssen), Ciclope (James Marsden), Tempestade (Halle Berry) e Vampira (Anna Paquin).

Porém, quem rouba a cena (até hoje, diga-se de passagem) é aquele canadense invocado conhecido como "o melhor no que faz" - no caso, matar. Hugh Jackman era um mero desconhecido na época e foi selecionado para ser Logan, o Wolverine, após Dougray Scott, de Missão: Impossível 2 (2000), sair do projeto. Algo que o ator deve lamentar até hoje, pois Jackman mostrou não só o muque e a fúria do personagem como se tornou um dos atores mais requisitados para blockbusters e também para filmes, assim digamos, mais sérios. Sua indicação ao último Oscar pelo papel em Os Miseráveis (2012) não foi à toa. Quem também aparece pela primeira vez é a belíssima Rebecca Romijn na pele azul da ardilosa Mística. Papel que ganharia ainda mais destaque nos longas posteriores.

Através de Wolverine e sua parceira Vampira a história flui. Muito mais do que o embate da equipe contra Magneto e sua tentativa de tentar transformar a humanidade inteira em seres mutantes, é a relação fraternal (e até paternal) entre ambos que o filme conquista o espectador. É claro que há muita ação (mesmo que limitada pelo baixo orçamento da época, 75 milhões de dólares), porém sua força está no desenvolvimento da narrativa sobre mutantes tentando se esconder e/ou serem aceitos pela humanidade.

Ainda sobra espaço para diversas referências a sagas clássicas e pistas sobre o futuro dos personagens que seriam exploradas nos filmes seguintes, especialmente o desenvolvimento dos poderes de Jean Grey (quem é aficcionado já sente uma pontinha de Fênix Negra), a mecha branca no cabelo de Vampira, entre muitas outras. X-Men: O Filme foi uma das produções mais bem vindas daquele ano e, com certeza, se não fosse por este belo exemplar, outras como Os Vingadores (2012), Homem-Aranha (2002), entre tantos outras, nem teriam o espaço e o sucesso que tem hoje. E pensar que as coisas ficariam ainda melhores com X-Men 2 (2003)...

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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