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Sinopse
Em Karatê Kid: Lendas, após uma tragédia familiar, o jovem prodígio Li Fong se muda para Nova York, EUA, com sua mãe. Quando um amigo precisa de ajuda, Li se inscreve em uma competição de artes marciais, mas logo percebe que suas habilidades não são suficientes. Seu mentor, Sr. Han, busca a ajuda de Daniel LaRusso. Juntos, ensinam a Li uma nova forma de lutar, combinando Kung Fu e as artes japonesas. Artes Marciais/Família.
Crítica
Não são muitos aqueles que, de fato, podem ser considerados “lendários” dentro do universo Karatê Kid. Daniel LaRusso, protagonista de Karatê Kid: A Hora da Verdade (1984), com certeza faz parte desse círculo restrito. Mas onde estão Julie Pierce (Hilary Swank, estrela de Karatê Kid 4: A Nova Aventura, 1994, e a única lutadora dos seis longas?) e Dre Parker (Jaden Smith, o garoto de Karatê Kid, 2010, antes visto como um reboot, mas agora incorporado à saga como apenas mais um capítulo)? Pois bem, o que se percebe em Karatê Kid: Lendas é que o título tem mais a ver com uma questão de popularidade dos astros fora da tela do que necessariamente a respeito daquilo visto em cena. No filme de Jonathan Entwistle (I Am Not Okay With This, 2020), uma desculpa esfarrapada até pode colocar lado a lado Ralph Macchio e Jackie Chan, mas nem os dois juntos conseguem substituir Pat Morita a contento. Quem de fato importa continua sendo aquele no centro do tatame, que dessa vez ganha o rosto – e as habilidades – de um impressionante Ben Wang.
Pela primeira vez em seis longas, o personagem central de uma aventura Karatê Kid é, de fato, um rapaz de origem oriental. Ben Wang costuma ser visto em comédias adolescentes, como Sex Appeal (2022) e o remake musical de Meninas Malvadas (2024), e enfim ganha maior destaque em cena – se antes, portanto, ele era o “toque de diversidade étnica”, agora é quem conduz os acontecimentos. E faz por merecer. O rapaz não apenas é desenvolto nas cenas de combate, demonstrando técnica e muita fisicalidade, como também é expressivo e carismático o bastante para motivar o espectador a torcer por sua jornada.
É importante tal observação, pois o roteiro escrito por Rob Lieber (que acertou em Pedro Coelho, 2018, mas derrapou em Goosebumps 2: Halloween Assombrado, 2018) pouco faz a favor desse menino que é levado pela mãe de Pequim para Nova York e, já na primeira semana na nova cidade, se vê atraído por uma garota e, justamente por isso, se torna motivo da ira de um lutador desleal e acostumado a golpes baixos. Ou seja, é mais uma reciclagem de tudo o que já foi visto – e explorado – à exaustão nos capítulos anteriores, e menos uma nova e original abordagem sobre uma dinâmica que parece se resignar a isso: o enfrentamento do bem contra o mal, do novato ingênuo, porém capaz, contra o campeão desonesto e violento. Regra essa que valia nos anos 1980, e é resgatada quarenta anos depois sem muita inovação.
O curioso é que um dos motivos da família se mudar para tão longe é justamente a vontade desse mulher em afastar seu filho de um ambiente de violência e enfrentamentos. Um movimento que se mostra inútil em menos de 24 horas. E como se não tivessem nada melhor a fazer com suas vidas – note-se, ambos coordenam domos próprios e possuem alunos a serem orientados – tanto o mestre atual, Mr. Han (Chan, entregando o mesmo que lhe tornou característico), como aquele que já foi aprendiz, mas agora é professor (Macchio, que segue com a mesma jovialidade), se unem para preparar o jovem para a grande luta. A intenção é válida: unir o karaté ao kung fu. Ambas as técnicas se somam. Mas o elenco, que deveria propor conflito e, a partir dessas diferenças, levar a história a um outro patamar, pouco oferece nesse sentido. Karatê Kid: Lendas é apenas isso: reciclar uma trama de décadas atrás e apresentá-la a uma nova geração, motivada tanto pelo saudosismo, como pelo anseio por maiores bilheterias. E nada mais.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 5 |
Alysson Oliveira | 5 |
Lucas Salgado | 4 |
MÉDIA | 4.7 |
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