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Sinopse

O Conde Drácula é agora proprietário de um hotel resort de alta tecnologia na Transylvania. É ali que ele, além de outros monstros famosos como Frankenstein, a Múmia e o Lobisomem, preferem permanecer e manter distância do mundo dos humanos. Mas a paz de Drácula passa a correr perigo quando um garoto descobre o resort e acaba se apaixonando pela filha adolescente do Conde.

Crítica

O ano de 2012 não foi muito bacana para as animações. Disney e Pixar, as campeãs do gênero, deixaram muita gente decepcionada com a sua Valente, que tinha como proposta combinar o melhor das duas produtoras e só conseguiu investir no que de pior elas sempre ofereceram. A Aardman, que encantou meio mundo com A Fuga das Galinhas (2000) e Wallace & Gromit (2005), ficou literalmente a ver navios com os seus Piratas Pirados. A Dreamworks até faturou bem nas bilheterias com Madagascar 3, mas o que se viu foi uma repetição de um fórmula já esgotada. E ainda tivemos os medianos A Era do Gelo 4 (o de pior desempenho de público de toda a franquia), ou mesmo O Lorax e ParaNorman (ambos mais sombrios do que propriamente engraçados). Chegou o momento, portanto, de recrutar um gênio da televisão para resgatar essa graça despreocupada em uma produção de grande apuro visual. Assim chegamos a este Hotel Transilvânia, escrito e dirigido por Genndy Tartakovsky, um filme que mesmo sem ser o destaque da temporada consegue ter mais altos do que baixos.

Quem nunca pensou em ver todos os monstros clássicos do universo de terror reunidos num contexto mais, digamos, “normal”? Pois é justamente isso que propõe Hotel Transilvânia. Comandado pelo Conde Drácula em pessoa, o lugar é um refúgio destas criaturas contra aquele ainda mais assustador: o ser humano. Compartilhando do mesmo conceito já explorado em Monstros S.A. (2001), aqui são os homens que mais causam medo – um trauma no passado do vampiro mais popular irá explicar os motivos deste pânico. Assim, num lugar escondido e afastado, ele poderá oferecer abrigo e entretenimento ao Frankenstein, ao Lobisomem, à Múmia e a qualquer outro bicho estranho. O motivo do encontro é o aniversário de sua filha, Mavis, que está comemorando 118 anos! Mas um intruso de última hora quase colocará tudo a perder: Jonathan, um jovem rapaz mochileiro e explorador que consegue chegar até o castelo e, meio sem noção de onde está se metendo, busca apenas curtição. Mas o que irá encontrar será muito mais surpreendente – inclusive para aqueles que o receberão, ainda mais no caso da aniversariante.

Genndy Tartakovsky é um dos atuais gênios da animação televisiva, tendo sido responsável pela criação de desenhos animados bastante conhecidos, como As Meninas Superpoderosas, Samurai Jack e O Laboratório de Dexter. Faltava-lhe, no entanto, explorar a tela grande, e somente agora lhe coube essa oportunidade. Apesar de ter como protagonistas personagens geralmente ligados aos sustos e ao pavor, em Hotel Transilvânia o único objetivo é fazer rir. A inversão do paradigma funciona a contento, mesmo que sem grandes novidades. O que mais chama atenção, no entanto, é o impressionante cuidado técnico do traço, repleto de detalhes e curiosidades. A chegada dos visitantes no grande salão é de deixar qualquer um de queixo caído. O tema em discussão parece ser universal e familiar aos quatro cantos do planeta – e de fato o é – mas o melhor é que sua abordagem é moderna e convincente, sem menosprezar a inteligência do espectador mais adulto e nem cansar a criança atrás de um bom programa.

Mas há um porém em Hotel Transilvânia, e este é o seu elenco de vozes. Foram reunidos como dubladores Adam Sandler (como Drácula) e todo o seu séquito usual – Andy Samberg, Kevin James, Molly Shannon e David Spade, entre outros. Oriundos do programa humorístico Saturday Night Live, exploram nessa versão animada o mesmo tipo de humor – até porque as personalidades de cada personagem foram desenvolvidas em cima dos próprios atores que os defendem. Assim, este acaba sendo muito mais um filme de Sandler e sua turma do que de Tartakovsky e do estilo de animação que sempre praticou na telinha. Se acaba jogando a favor dos fãs do astro, por outro lado decepciona por não inovar nem propor algo diferenciado daquilo que muitos já estão acostumados. Mesmo assim, isso é algo menor diante de uma proposta que não busca reinventar a roda, mas ao menos se contenta em investir naquilo que bem faz: divertir.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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