Crítica


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Sinopse

Manny, Diego e Sid embarcam em uma aventura após seu continente ficar sem rumo. Usando um iceberg como navio, encontram criaturas do mar e piratas de batalha enquanto exploram um mundo novo.

Crítica

Primeiro episódio da série sem a assinatura de Carlos Saldanha na direção, A Era do Gelo 4 deixa bem claro em seus 90 minutos de duração o quanto sente a falta do cineasta brasileiro. Depois de três longas extremamente bem sucedidos – o primeiro foi indicado ao Oscar de Melhor Longa de Animação, e a trilogia inicial arrecadou, em conjunto, quase 2 bilhões de dólares! – seria óbvio que mais uma continuação seria produzida (e enquanto as bilheterias seguirem impressionantes, outras ainda deverão se seguir). Mas a história de três improváveis amigos na Pré-História perdeu muito do seu gás inicial, e o que se vê dessa vez é mais do mesmo, deixando de lado justamente as qualidades que tem conquistado fãs e admiradores durante a última década: diálogos ágeis e inteligentes em um visual arrebatador.

Um dos principais problemas em ser cinéfilo e fã de desenhos animados no Brasil é a opção cada vez mais rara de se curtir estas produções nos seus áudios originais, com os dubladores americanos. Assim, ao mesmo tempo em que somos obrigados a conferir o trabalho de Diogo Vilela e Tadeu Mello, ficamos privados de admirar as performances de intérpretes como Peter Dinklage, Queen Latifah e a diva Jennifer Lopez, além dos protagonistas Ray Romano, John Leguizamo e Denis Leary (O Espetacular Homem-Aranha, 2012). Neste processo muito se perde na adaptação, principalmente piadas de duplo sentido. E como o foco é nas crianças, resta aos mais adultos apenas bocejos e a sensação de videogame sem sentido.

O roteiro de A Era do Gelo 4 é um fiapo de história, sem consistência nem profundidade. Tudo se resume a mais um cataclisma geológico, que joga os protagonistas em alto mar à bordo de um iceberg, e os esforços deles para voltarem à terra firma e se reencontrarem com seus familiares e amigos. A novidade está no grupo de piratas que encontram no meio do oceano e a ameaça que estes representam: um macaco megalomaníaco, um coelho demente, um canguru maníaco, uma morsa retardada e uma tigre dentes-de-sabre com problemas de adaptação. Como qualquer um pode prever desde o trailer, é óbvio que os tigres, se no início são inimigos e estão em lados opostos da briga, logo irão se unir, formando mais um casal romântico, aos moldes do que acontece com os mamutes em A Era do Gelo 2 (2006).

A Era do Gelo 4 é, de longe, o mais infantil de todos os filmes da série. E é também, infelizmente, o que menos aproveita o personagem Scrat (um esquilo alucinado por avelãs). Depois de se tornar quase protagonista em A Era do Gelo 3 (2009) – suas sequências eram algumas das mais inspiradas – o pequeno roedor praticamente desaparece, marcando presença apenas em vinhetas rápidas e repetitivas, sem maior brilho. O foco da ação, no entanto, volta para a ideia original apresentada no A Era do Gelo (2002) original: como um mamute, um tigre dentes-de-sabre e uma preguiça conseguem agir em harmonia e superarem, juntos, as adversidades e perigos que surgem em seus caminhos. Bonito, colorido e bastante movimentado, é um filme que deverá cumprir o seu propósito de entreter sem grandes dores de cabeça. Mas está longe de obter reconhecimentos maiores. Sinal de que a repetição em excesso irremediavelmente deixa suas marcas, e até mesmo algo tão bem humorado deve ter um fim.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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Grade crítica

CríticoNota
Robledo Milani
5
Thomas Boeira
5
MÉDIA
5

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