Crítica


3

Leitores


3 votos 6.6

Onde Assistir

Sinopse

Sonhadora e apaixonada por cinema aos 16 anos de idade, Fani vive imaginando como seria a sua vida se ela fosse um filme. Pressionada pela mãe para aceitar uma viagem de intercâmbio à Inglaterra, ela se sente assustada com a perspectiva de sair do país.

Crítica

Esgotado há anos, o subgênero de filmes que misturam dramas pessoais e romance na adolescência aparece com regularidade. Volta e meia surge com instigantes renovações, como Juno (2007) e As Vantagens de Ser Invisível (2012). Entretanto, na maioria das vezes, abusa da disposição do espectador com tramas como a das sagas A Barraca do Beijo e Para Todos os Garotos que Já Amei. Fazendo Meu Filme é do tipo que se encaixa no segundo grupo, promovendo checklist de trivialidades narrativas dessa categoria de filmes que asfixia qualquer vivacidade dos atores envolvidos.

Na trama, Fani (Bela Fernandes) é menina de cotidiano privilegiado, considerando a realidade brasileira. Estuda em boa escola, possui pais que podem lhe proporcionar vida abastada, conta com amigos interessantes e leais e dedica boa parte de seu tempo ao seu grande amor: o cinema. Chegando ao final do ensino médio, as ansiedades inerentes à época começam a aparecer na vida da jovem. No entanto, a chance de participar de intercâmbio cultural na Europa - fato bastante comemorado pela mãe da garota, Cristiana (Samara Felippo), que acredita ser esta oportunidade que não pode ser desperdiçada - aviva apreensões em Fani, que não quer se afastar dos amigos.

Contextualmente, este já seria drama a ser explorado de forma mobilizadora pelo responsável, Pedro Antônio. Porém, ele é contido por namoro oscilante. Um dos melhores confidentes da protagonista, Léo (Xande Valois), nutre amor secreto por ela, que fica claro ao público desde o início. Sendo assim, a história - baseada em livro homônimo de Paula Pimenta, adaptado por ela e mais duas roteiristas, Bruna Horta e Luanna Guimarães - se fixará, de maneira mais robusta, no despontar do amor entre ambos. É aqui que as complicações começam.

Dois infelizes fatores são fundamentais para que o longa não experimente o melhor de seu potencial. O primeiro se revela na verdadeira sanfona de acontecimentos que impedem a união plena do casal. Diversos contratempos são dispostos, mas nenhum se mostra resistente. Ou seja, tudo é facilmente resolvido com poucas frases, como se estivéssemos assistindo a uma novela sem intervalos. Há progressão e, em seguida, retrocesso. O segundo se manifesta na química, pois os distúrbios narrativos citados talvez pudessem ser anulados, de alguma forma, pelo carisma da dupla principal. Isso também não acontece, já que Léo e Fani formam par, é preciso dizer, desprovido de charme, princípio básico para o êxito de obras do gênero.

Pena os coadjuvantes, bem representados por Alanys Santos, Júlia Svacinna e Matheus Costa, não possuírem maior espaço. Nesse vai e vem de episódios cansativos, o trio poderia divertir um tanto mais, não apenas em momentos dispersos. Desse jeito, Fazendo Meu Filme pode ser considerado projeto que se contenta apenas em ser mais um tijolo na edificação das carreiras de diversos artistas emergentes. Mas se esse for o coming of age (jornada de amadurecimento) desejado pelos idealizadores, que assim seja.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar
Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: [email protected]
avatar

Últimos artigos deVictor Hugo Furtado (Ver Tudo)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *