Exorcismo Sagrado
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Alejandro Hidalgo
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The Exorcism of God
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2021
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EUA / México / Venezuela
Crítica
Leitores
Sinopse
Peter Williams é um padre especializado em exorcismos, que trabalha no México. Quando tenta expulsar um perigoso demônio, acaba sendo possuído pela força maligna. Num gesto desesperado e impulsivo, pratica um ato contra as leis divinas. No entanto, o pecado terá consequências: dezoito anos mais tarde, os demônios retornam para atormentá-lo.
Crítica
Alejandro Hidalgo é conhecido por ter dirigido o filme venezuelano que mais circulou ao redor do mundo (A Casa do Fim dos Tempos, 2013, também apontado como o primeiro longa de horror feito da Venezuela e a maior bilheteria local para uma produção do gênero). Não que para o público brasileiro – e até mesmo internacional – tal crédito faça diferença, mas ao menos serviu ao realizador para carimbar seu passaporte rumo à Hollywood. E a primeira produção em inglês do cineasta faz uso em abundância dos maneirismos e recursos facilitadores que, quando empregados em excesso, servem tanto para despertar a atenção e a curiosidade de espectadores não muito afeitos a esse tipo de ambientação, como também afastar os mais experientes por estes mesmos caminhos justamente por uma constante repetição e desgaste de velhas fórmulas. Exorcismo Sagrado se pretende revolucionário, mas é tão convencional em sua tentativa desesperada de provocar reações gratuitas da plateia que se aproxima perigosamente de uma paródia daquilo que tão seriamente perseguiu.
Também autor do roteiro (em parceria com Santiago Fernández Calvete, de O Diabo Branco, 2019), Hidalgo promove homenagens que, de tão deslocadas e arbitrárias, soam como tentativas involuntárias de provocar riso. Mas a audiência que não se engane: o cineasta não está para brincadeiras, e pretende ir até às últimas consequências com a trama que aqui se dedica. O padre Peter Williams (Will Beinbrink, que teve pequenas participações em filmes como It: Capítulo 2, 2019, aqui alçado à condição de protagonista, mesmo não tendo muita segurança para tanto), ainda no início de sua carreira, decidiu prosseguir com uma sessão de exorcismo por conta própria, sem o auxílio de colegas veteranos, por acreditar que não haveria tempo para tal ajuda. E se fez tudo conforme manda a cartilha, um pequeno detalhe não pode ser ignorado: deixou ser seduzido pela entidade no domínio do corpo da beata amaldiçoada num último instante. Aparentemente, esse deslize teria sido insignificante, sem maiores repercussões. Porém, quase duas décadas depois, esse erro voltará no seu encalço.
Beinbrink demonstra tanto esforço para soar minimamente convincente o caráter reto e tomado pela fé do seu personagem que sua composição, de tão artificial, se torna mais uma distração do que um elemento possível de entendimento. É evidente que está escondendo algo desde a sua primeira aparição após o passar dos anos – a trama se passa em dois momentos temporais específicos, um prólogo e a retomada já no presente – que somente o mais desatento na audiência permitirá ser levado pela teia de mentiras e dissimulações empreendidas por ele. Sua postura dupla, que no discurso aponta para um lado, mas nos gestos promove movimentos opostos, é tão escancarada que se exclui qualquer possibilidade de surpresa diante de uma reviravolta anunciada com tamanha antecedência. O exorcismo pregado pelo título original afirma ser o do próprio Deus em pessoa, o que é apenas mais um sinal de prepotência e falta de noção daqueles por trás das câmeras.
Dezoito anos é o período exigido não apenas para o padre assimilar seus feitos, mas também para que o resultado desses atos possa se manifestar. Quando uma garota dessa idade surge como a nova necessitada dos seus talentos, qual será a relação dela com o caso anterior? Porém, esse não é um espaço para sutilezas, e se tais exposições não forem suficientes, a mesma vítima de outrora voltará ao centro da ação, tendo como único propósito apenas reafirmar o óbvio: se ela é a mãe da jovem agora afetada, não se exige nenhum trabalho de investigação para que fique evidente quem responde por essa indesejada paternidade. Sugestões de incesto e violência são café pequeno diante tantos excessos, que parecem ser colocados em cena mediante a nítida intenção de provocar, ao invés de colaborarem, de uma forma ou de outra, com o andar dos acontecimentos. É tudo tão descartável que, caso essas distrações fossem enxugadas, é provável que nem um curta-metragem de pouco mais de vinte minutos conseguisse se sustentar de forma atraente.
Diante uma linhagem de início tão nobre – O Exorcista (1973) ganhou dois Oscars (Roteiro Adaptado e Som) e concorreu em mais oito categorias, entre elas Melhor Filme e Direção – mas que, posteriormente, foi tão maltratada – somente o título acima citado ganhou nada menos do que quatro continuações, absolutamente nenhuma digna de nota – que o que se encontra em Exorcismo Sagrado, apesar de mirar no clássico de William Friedkin, consegue somente se aproximar de uma comédia besteirol como A Repossuída (1990), estrelada por Leslie Nielsen (e Linda Blair, veja só!). Mas se assim fosse de forma assumida, talvez o estrago não fosse tão grande. Porém, tal resultado é alcançado de maneira involuntária, através de sustos premeditados, soluções providas mais pela montagem manipuladora e por uma trilha sonora intrusiva do que pela engenhosidade (se é que essa existe) do enredo, e um elenco que, diante de critérios mais rígidos, não seria convocado nem mesmo para uma apresentação escolar. Poderia ser involuntariamente divertido, justamente pelas possibilidades que o tema apresenta. O que se vê, no entanto, é apenas redundante e tedioso, que deverá provocar não mais do que bocejos desinteressados daqueles que persistirem até o desfecho na espera por um retorno que nunca aparece.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 2 |
Francisco Carbone | 3 |
Alysson Oliveira | 2 |
MÉDIA | 2.3 |
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