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Sinopse

Lilith, uma infame caçadora de recompensas com um passado misterioso, retorna para o lugar onde cresceu, Pandora, o planeta mais caótico da galáxia. Sua missão é encontrar a filha desaparecida de homem mais poderoso do universo, Atlas. Lilith forma uma aliança inesperada com uma equipe de desajustados. Juntos, esses heróis improváveis ​​devem combater uma ameaça alienígena e bandidos perigosos para descobrir um dos segredos mais explosivos de Pandora.

Crítica

O início relata eventos ocorridos há gerações, para não dizer eras, por meio de uma narrativa pomposa providenciada por Cate Blanchett... tal qual o começo de cada episódio da saga O Senhor dos Anéis. No centro da ação está uma garota aparentemente inocente que pode ser a salvação do universo... assim como na mais recente trilogia de Star Wars. A ação se passa, na maior parte do tempo, em um planeta desértico dominado por violentos saqueadores musculosos e portando máscaras de caveira... exatamente como visto em qualquer um dos capítulos de Mad Max. E por fim, em meio a uma das fugas mais complicadas, os heróis se deparam com um verme gigante saído das profundezas arenosas.. sim, igualzinho ao que acontece no universo de Duna. Como se vê, todo mundo em Hollywood anseia por um épico espacial para chamar de seu. Eli Roth, ao invés de fazer uma cópia descarada, seguindo os passos de Zack Snyder no recente Rebel Moon (2023), se envolve em um exercício de colagem, reaproveitando ideias que deram certo antes, esquecendo no processo de oferecer um toque pessoal ao conjunto. Isso é Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo.

Roth sempre foi um pastiche de realizadores mais conceituados – e respeitados. Ele primeiro chamou atenção ao abusar da violência em O Albergue (2005), a ponto de ser comparado com Tarantino – com quem trabalhou, como ator, em Bastardos Inglórios (2009) – mas a falta de consistência de seus projetos seguintes se encarregou de apagar essas eventuais semelhanças. Entre um thriller social (Bata Antes de Entrar, 2015), um remake desnecessário (Desejo de Matar, 2018) e até uma fantasia infantil (O Mistério do Relógio na Parede, 2018), o cineasta tem atirado para várias direções, sem acertar o alvo que há muito tem almejado. Borderlands é, provavelmente, o maior projeto que já teve em mãos – a um custo declarado em torno dos US$ 100 milhões – e repleto de expectativas – afinal, trata-se da adaptação de um jogo de sucesso. Nenhuma destas apostas, porém, se confirma com o que é visto em cena.

Talvez o maior mérito aqui presente seja a escolha de Blanchett como protagonista. Assistir a uma mulher com mais de 50 anos se virando entre lutas e tiroteios, defendendo com nítido prazer uma personagem que geralmente recai no colo de novatas com a metade da sua idade, é uma bem-vinda mudança de paradigma. E por mais que chegue a afirmar em uma ou duas ocasiões estar “velha demais para tudo isso”, sua maquiagem e figurinos espalhafatosos desmentem a afirmação. Lilith é uma caçadora de recompensas casca-grossa, do tipo que não leva desaforo para casa. Contratada pelo milionário – e mafioso – Atlas (Egdar Ramírez, outro que pegou o espírito do projeto e se diverte com tamanha canastrice) para resgatar a filha do empresário, que teria sido supostamente sequestrada, a mercenária se vê obrigada a voltar a Pandora (o mesmo nome do planeta de Avatar, 2009, confere?), sua terra-natal e verdadeiro lixo da galáxia.

A ação gira em torno de uma lenda que afirma que uma raça superior, que não mais existe, teria deixado para trás uma arca contendo todos os segredos de sua genialidade. E apenas alguém com um dom especial poderia não apenas encontrar o paradeiro deste tesouro, mas também seria a chave para desfazer suas travas de segurança. Ao lado da jovem Tina (Ariana Greenblatt, de Barbie, 2023), do soldado Roland (Kevin Hart, que não se cansa de fazer piadas com a própria estatura), do brutamontes Krieg (Florian Munteanum de Creed II, 2018), de um robô tagarela (voz insuportável de Jack Black) e da cientista Tannis (Jamie Lee Curtis, um tanto deslocada), Lilith parte em sua missão, alterando seu propósito assim que descobre que as coisas não são exatamente como lhe foram ditas. E eis que essa turma de desgarrados terá que enfrentar não apenas um vilão superpoderoso, mas também um exército de selvagens determinado a colocar as mãos no precioso artefato antes deles.

Não precisa ser nenhum gênio para perceber que a base dessa história é um videogame. A estrutura narrativa é por demais episódica, e alguns dos desenlaces – como a participação de Gina Gershon ou mesmo a parada, lá pelo meio da trama, para a entrada de Lee Curtis em cena – se mostram desnecessárias, pois em nada agregam ao conjunto. Ainda assim, até por estarem em constante movimento, o espectador não chega a cansar – e palmas pela montagem que deixou o longa em torno dos 100 minutos, ideal para uma proposta frenética como essa – e um pouco da diversão experimentada pelo elenco (que certamente aproveitou mais do que a audiência) chega até à plateia. Mas é uma satisfação pontual, nunca alcançando o todo. Eli Roth continua se mostrando como um produto genérico, sem se aproximar da excelência de um olhar original. Mesmo quando tem em mãos algo tão reciclado quanto Borderlands.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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Robledo Milani
5
Francisco Carbone
3
MÉDIA
1.5

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