Crítica


7

Leitores


3 votos 8.6

Onde Assistir

Sinopse

Uma nave cai acidentalmente num planeta com três sóis. Entre os sobreviventes está Riddick, um assassino. O desafio de todos será permanecer vivos nesse local árido, no qual um eclipse abre caminho a criaturas vorazes.

Crítica

Primeiro filme que traz como protagonista o personagem Riddick (Vin Diesel), sobre o qual mais tarde seria feito mais dois longas live action e um de animação, Eclipse Mortal é uma obra despretensiosa que, claramente inspirada na série Alien, busca apenas contar a sua história. A trama tem início quando uma nave espacial, dotada de inteligência artificial, decide acordar seus passageiros adormecidos em sono criogênico antecipadamente em razão de uma emergência. Ao descerem num planeta desconhecido, a tripulação se depara com uma espécie alienígena esquelética e extremamente mortal. O conceito básico da sinopse poderia facilmente descrever o longa de Ridley Scott, mas não por isso o projeto em questão deve ser tratado como um plágio. É verdade que não é tão marcante ou tenso quanto Alien: O Oitavo Passageiro (1979), mas é um passatempo que reconhece suas limitações, ao passo que não deixa de tomar suas próprias liberdades. E o resultado é, ao menos, divertido.

Assim, o diretor David Twohy, do igualmente despretensioso e funcional Submersos (2002), investe em filtros azuis e amarelos em suas lentes, tornando cenas inteiras monocromáticas apenas para ressaltar a presença da luz solar naquele pequeno planeta onde a trama se passa. Grandes angulares panorâmicas são igualmente usadas para destacar a distância percorrida pelos personagens, enquanto o próprio roteiro encontra motivos para manter no escuro as criaturas desenvolvidas através de computação gráfica, uma vez que o maior empecilho de se fazer uma criação digital crível é justamente o contato de suas texturas com a luz. Algo que Scott também se obrigou a fazer em seu filme, ainda que por motivos diferentes. Mesmo assim, vem a calhar o exemplo de que às vezes limitações técnicas implicam no uso da criatividade por parte dos diretores, enquanto exorbitantes orçamentos inibem esta necessidade, normalmente apresentando soluções genéricas.

É bem verdade que o elenco é composto por um grupo de pessoas aleatórias, presenças que poderiam ser chamadas de “carne para o abate”. Ou seja, vítimas em potencial para os inimigos sedentos demonstrarem ao espectador seu poderio letal. Ainda assim, é admirável que, ao contrário de diversas produção que usam deste artifício, aqui, Twohy busque, se não aprofundar estas figuras, ao menos diferenciá-las. Não é pedido a ninguém que se lembre o nome de outro personagem que não Riddick, mas é bem provável que fique marcado o arqueólogo alcoólatra, o indiano fervoroso, o policial mau caráter (Cole Hauser) e a piloto de personalidade forte (Radha Mitchell). Obviamente, nosso protagonista é o mais interessante deles; Vin Diesel defende com confiança seu personagem, e mesmo que pareça sempre interpretar a si mesmo, o ator é hábil ao manter a dubiedade de sua índole através de um discurso sempre pensado, contrastando com seus modos brutos e precisos.

Eclipse Mortal não é um grande filme. Twohy confia em sua história e desenvolve com segurança o suspense inicial, mas perde a mão um pouco mais tarde quando as ameaças representadas pelos alienígenas passam a soar repetitivas, com o grupo encurralado aqui e ali, ficando sem luz com o que se proteger, etc, etc, etc. Acontece que após o surgimento da primeira criatura, torna-se banal sua presença no resto do longa, já que elas nos são apresentadas quase como invencíveis. Ou seja, ou o personagem está protegido na luz e vive, ou não está e morre. Não há um meio termo e isso mata boa parte da tensão que poderia ser desenvolvida durante o segundo e terceiro ato. E sem demais explicações, os sobreviventes desta aventura partem em direção ao “pôr do sol” no desfecho, dando um tom de crônica ao seu fechamento. Não à toa o filme seguinte da franquia iria chamar-se The Chronicles of Riddick (As Crônicas de Riddick, no original, ou A Batalha de Riddick aqui no Brasil, de 2004).

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar
é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
avatar

Últimos artigos deYuri Correa (Ver Tudo)

Grade crítica

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *