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Sinopse

Após a morte do pai, Sam recebe a incumbência de entregar parte da herança para Frankie, uma irmã que ele não conhecia. Ao procurar iniciar um contato com ela, sem revelar o parentesco, Sam acaba mudando toda sua vida, incluindo as relações com a mãe e com a namorada.

Crítica

Bem-Vindo à Vida é um projeto estranho dentro da filmografia de Alex Kurtzman, que aqui marca sua estreia como realizador. Afinal, trata-se de um filme pequeno, de lançamento limitado – no Brasil foi distribuído diretamente em home vídeo – e com uma história muito simples e humana, mas nunca desprovida de charme. Por outro lado, Kurtzman e seu principal parceiro, Roberto Orci (que aqui assina como roteirista ao lado do diretor), é conhecido por estar por trás de títulos de grandes bilheterias, como os blockbusters Missão Impossível 3 (2006), Transformers (2007) e Star Trek (2009), dentre outros. Mas ao deixar os grandes orçamentos e os efeitos especiais em abundância de lado, ele consegue mostrar bastante sensibilidade, principalmente por falar de um assunto com o qual tem bastante familiaridade.

Sam (Chris Pine, charmoso e bom ator) acabou de levar um golpe no trabalho. Junto com a má notícia, lhe chega outra ainda pior: o pai acabou de falecer. Sem muita opção, ele e a namorada (Olivia Wilde, cada vez mais convincente) voam para a casa natal dele para reencontrar a mãe (Michelle Pfeiffer, com pouco o que fazer em cena, num papel que havia sido pensado originalmente para Meryl Streep – e, após conferir o longa, dá pra perceber facilmente porque a estrela vencedora do Oscar por A Dama de Ferro, 2011, não aceitou o convite). Além de não ganhar herança alguma, o rapaz ainda tem uma surpresa: recebe do advogado da família uma nécessaire contendo US$ 150 mil e um recado do pai (“Para Josh. Cuide bem deles”). Neste momento, o mundo do protagonista se desfaz em diversas questões: quem é Josh? Por que ele deveria entregar todo esse dinheiro para um desconhecido? E, acima de tudo, por que não ficar com a grana para si e solucionar todos os seus problemas?

Aos poucos, no entanto, o mistério vai se dissolvendo a partir de uma série de investigações. Josh, na verdade, é seu sobrinho, filho de Frankie (Elizabeth Banks), uma irmã que desconhecia ter, filha de uma amante que o pai teve – e da qual nunca se falou. No princípio intrigado, Sam irá se aproximar de Frankie e Josh aos poucos, porém sem revelar suas verdadeiras intenções. Nessa descoberta de uma nova família, estas mentiras que vão ficando pelo caminho terão um peso significativo, principalmente por gerar confusões sentimentais que, talvez, não tenham volta. E quando ele finalmente enxergar o melhor a ser feito, terá ainda tempo para tomar a decisão certa?

Nos extras do DVD, Alex Kurtzman assume que ele próprio tomou contato com uma parte de sua família quando já era adulto, pessoas com as quais nunca havia tido consciência até então. Essa experiência bastante pessoal lhe motivou a escrever esse roteiro por anos, até o momento em que estivesse seguro para dirigir ele mesmo a versão cinematográfica. O trabalho é competente e aponta para um futuro auspicioso para o realizador, talvez até mesmo mais interessante do que suas produções mais populares. Tratando seus personagens com cuidado e respeito, ele consegue transmitir o ambiente íntimo e pessoal dos dramas enfrentados na tela para o espectador, facilitando o processo de comunicação e, principalmente, de identificação. Simples, quase tímido, mas ainda assim digno das atenções despertadas. Uma obra que merece ser descoberta.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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