Utilizar os traços de uma figura típica do circo para causar medo não é novidade na Sétima Arte. A dupla André de Campos Mello e Marcos DeBrito resolveu valer-se dos palhaços dentro de uma trama que é uma grande homenagem ao clássico O Massacre da Serra Elétrica (1974) e o resultado foi bastante empolgante. Cangaço (Francisco Gaspar) e Bola 8 (Fernando de Paula) surgem em cena não para fazer a alegria da criançada, mas para roubar a grana contada de um grupo de adolescentes que vai passar um fim de semana em certa casa de campo isolada, o típico cenário do gênero slasher, a maior inspiração visual do longa. Tanto Cangaço como Bola 8 não existiam nos primeiros tratamentos do roteiro do filme, iniciado ainda nos tempos de faculdade dos diretores. Mas o encaixe foi tão perfeito que eles acabaram se tornando protagonistas. Aliás, o entortar de dedos que se tornou a marca registrada e assustadora de Cangaço não perde em nada para as unhas enormes do grande ícone do cinema de horror nacional, o inimitável Zé do Caixão, ou mesmo para as garras de metal do temido Freddy Krueger.

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é jornalista e especialista em cinema formada pelo Centro Universitário Franciscano (UNIFRA). Com diversas publicações, participou da obra Uma história a cada filme (UFSM, vol. 4). Na academia, seu foco é o cinema oriental, com ênfase na obra do cineasta Akira Kurosawa, e o cinema independente americano, analisando as questões fílmicas e antropológicas que envolveram a parceria entre o diretor John Cassavetes e sua esposa, a atriz Gena Rowlands.
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