Dono de uma filmografia diminuta, porém consistente, o cineasta Selton Mello tem neste título o seu grande triunfo até agora. Se em Feliz Natal (2008), o diretor paga tributo ao cinema independente de John Cassavetes, neste o artista busca tintas fellinianas para contar sua história doce e divertida. Na trama, Selton vive o palhaço Pangaré – ou Benjamin, para os mais próximos. Filho de outro palhaço, o veterano Puro Sangue (Paulo José), o rapaz começa a perceber que a vida de artista de circo não é para ele. Não existe mais paixão no trabalho. Benjamin não se encontra mais no picadeiro. Em uma trama episódica, com momentos agridoces, o longa-metragem acaba sendo uma lição de vida para o protagonista – e aos espectadores que se tocarem com a trajetória dos personagens criados por Selton e Marcelo Vindicato, os roteiristas da obra. Paulo José é uma presença avassaladora, como sempre, e existem outros nomes no elenco que chamam a atenção, como Moacyr Franco em uma ponta hilária. Mas o filme é mesmo de Selton Mello e seu Pangaré. Num desfecho belíssimo, ele tem uma epifania que faz todo o sentido. Assista e deixe-se tocar por este filme de ternura ímpar.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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