Esta é a primeira adaptação cinematográfica de um livro de Jorge Amado. Dirigido pelo norte-americano Eddie Bernoudy para a Atlântida Cinematográfica – a mesma que ficou conhecida como o berço da chanchada tipicamente carioca –, o filme tem dois astros maiúsculos da época nos papeis principais. Anselmo Duarte, galã e diretor de trabalhos consistentes e emblemáticos (lembram-se de O Pagador de Promessas, de 1962?), e Maria Fernanda, filha de Cecília Meireles, então no auge de sua beleza. A trama, inspirada no livro Terra do Sem Fim, escrito por Amado no exílio argentino e publicado em 1943, se passa no Sul da Bahia, mais especificamente na região reconhecida internacionalmente como própria ao cultivo do cacau. A disputa por terras valiosas, bem como a deflagração do que as pessoas são capazes de fazer para conseguir poder, está no centro da crítica do autor baiano, aqui transposta às telonas com um misto de drama e aventura. Mesmo com a produção lotada no Rio de Janeiro, o filme teve boa parte de suas cenas rodadas efetivamente na Bahia. Em 2001, por conta da 28.ª edição da Jornada Internacional de Cinema da Bahia, dedicada a exibir uma retrospectiva completa dos filmes inspirados na obra de Jorge Amado, houve problemas para conseguir uma cópia em bom estado deste longa-metragem, mais um indício da precariedade da preservação de nosso patrimônio cinematográfico, uma verdadeira lástima, especialmente levando em consideração que Terra Violenta marca a estreia da grande Ruth de Souza nos cinemas.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.