Uma das disputas mais mornas deste ano, a de Melhor Longa de Animação selecionou os concorrentes mais óbvios – praticamente todos os que fizeram algum barulho na temporada passada. Tanto é que os mesmos cinco finalistas do Oscar estiveram na disputa pelo Globo de Ouro e pelo Critics Choice, por exemplo. No Bafta, o Oscar inglês, apenas três são indicados nessa categoria, e todos eles estão por aqui também. E se temos apenas um título conquistando a maioria das premiações prévias, é de se lamentar que outros que foram lembrados não cheguem à maior festa do cinema mundial com maior força – afinal, há diversidade neles, e entre um longa premiado num dos maiores festivais do mundo, um que vem do outro lado do planeta e dois representantes da casa dona da maior tradição na animação, ninguém pode reclamar que as opções não parecem interessantes. Confira as nossas apostas!

Indicados

 

FAVORITO
Homem-Aranha no Aranhaverso
Praticamente imbatível nessa disputa, Homem-Aranha no Aranhaverso é o reflexo dos tempos atuais: se apenas filmes de super-heróis é que fazem dinheiro em Hollywood, por que não recompensar mais um deles, agora em um âmbito diverso? Não que o filme seja ruim – longe disso, aliás. É bastante dinâmico, divertido, com altas doses de emoção e adrenalina. Porém, não mais que isso. Está longe de ser poético (como Mirai no Mirai), inteligente (como Ilha dos Cachorros), irônico (como WiFi Ralph: Quebrando a Internet) ou engraçado (como Os Incríveis 2). Mesmo assim, a febre que toma conta do cinema norte-americano há alguns anos está ao seu lado, e essa vitória é quase irreversível. Tanto que ganhou o Globo de Ouro, o Critics Choice e foi eleito o melhor do ano nesta categoria pelos críticos de Austin, Central Ohio, Chicago, Denver, Detroit, Georgia, Indiana, Kansas, Los Angeles, Nova Iorque, Oklahoma, Phoenix, São Francisco, Seattle, St. Louis e Utah (que, inclusive, o premiaram também como Melhor Filme do Ano!). Conta a seu favor ainda ter levado o troféu do Sindicato dos Produtores da América e ter feito a limpa no Annie Awards (o Oscar da animação), conquistando por lá nada menos do que sete vitórias. Tá bom ou quer mais?

 

AZARÃO
Ilha dos Cachorros
Premiado como Melhor Direção no Festival de Berlim, onde foi exibido na prestigiosa sessão de abertura, Ilha dos Cachorros seria a oportunidade ideal de reconhecer o talento único de Wes Anderson, ainda mais após ele ter perdido em todas as suas seis indicações anteriores. E não seria nada condescendente tal vitória, uma vez que o trabalho aqui apresentado é muito superior ao dos seus concorrentes. Indicado ao Globo de Ouro, ao Critics Choice e ao Bafta, foi eleito o melhor no Satellite e pelos críticos de Atlanta, Boston, Dallas-Fort Worth, Las Vegas, Nevada, North Texas, San Diego, Southeastern, Toronto e Washington. Este é o verdadeiro campeão moral do ano. E se houvesse alguma justiça, o Oscar já seria seu!

 

SEM CHANCES
Mirai no Mirai
Único representante não americano entre os concorrentes, o japonês Mirai no Mirai foi indicado ao Globo de Ouro e ao Critics Choice, além de ter sido eleito o melhor desta temporada pelos críticos da Florida e de ter ganhado o Annie na categoria de Melhor Longa de Animação Independente – vencendo ninguém menos  que o brasileiro Tito e os Pássaros. Produções japonesas, aliás, têm marcado presença constante nessa disputa nos últimos anos, porém saem, inevitavelmente, de mãos abanando – a única exceção (que, aliás, confirma a regra) foi A Viagem de Chihiro (2001), quase duas décadas atrás. Ou seja, com certeza este título fez por merecer a vaga – ele segue inédito no Brasil – mas não deve ir muito além disso.

 

ESQUECIDO
O Grinch
Podemos dizer que 2018 não foi um dos melhores anos para a animação em longa-metragem em Hollywood. Os dois títulos da Disney estão longe de ser os favoritos (o que não deixa de ser surpreendente) e outras produções, como Pé Pequeno e O Homem das Cavernas deixaram muito a desejar (e nem vamos falar de Hotel Transilvânia 3, porque esse é melhor esquecer por completo). Claro que seria lindo ver o brasileiro Tito e os Pássaros entre os finalistas, mas, além de uma indicação ao Annie, ele pouco barulho fez nos EUA. Portanto, talvez o que mais se aproxime da condição de “esquecido” seja mesmo O Grinch, indicado ao Critics Choice Awards (que contou com seis finalistas, ou seja, os cinco acima e mais esse) e ao prêmio do Sindicato dos Produtores dos EUA (que, obviamente, deixou o longa japonês de fora, abrindo espaço para esse ocupar a última vaga). A animação baseada no clássico personagem do Dr. Seuss tem seus méritos, mas nenhum, de fato, memorável. É divertido enquanto dura, ao menos. Ou seja, até poderia ter sido indicado, mas também não faz muita falta.

:: Confira aqui tudo sobre o Oscar 2019 ::

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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