Sem assistir aos filmes, como escolher o melhor? Todos os cinco finalistas desta categoria permanecem inéditos no Brasil, e mesmo nos Estados Unidos, onde concorrem ao Oscar, foram exibidos nos cinemas apenas em sessões especiais, com todos em conjunto, em Los Angeles, Nova Iorque e em São Francisco, além de Londres, na Inglaterra. Então, é preciso muita pesquisa e um forte exercício de “achômetro”, para não dizer adivinhação, a fim de apontar quem pode ou não levar para casa o careca dourado. O que é certo é que todos os profissionais concorrentes estão em suas primeiras indicações ao Oscar, e que uma vitória aqui pode abrir portas importantes para novos projetos no futuro. Ficou curioso? Então confira nossas análises, e boas apostas!

 

Indicados

  • DeKalb Elementary (Reed Van Dyk)
  • The Eleven O’Clock (Derin Seale e Josh Lawson)
  • My Nephew Emmett (Kevin Wilson, Jr.)
  • The Silent Child (Chris Overton e Rachel Shenton)
  • Watu Wote/All of Us (Katja Benrath e Tobias Rosen)

 

FAVORITO: DeKalb Elementary (Reed Van Dyk)
Baseado num chamado real de emergência do 911 de Atlanta, nos Estados Unidos, quando um estranho chegou até a escola do título carregando uma espingarda semi-automática e foi dissuadido de cometer múltiplos assassinatos por uma das prováveis vítimas, este curta dirigido por Reed Van Dyk – sua primeira indicação – foi premiado nos festivais de Annapolis, Calgary, Clermont-Ferrand, Los Angeles, Hamptons, Palm Springs, Regard e Santa Fé, além de sair vitorioso do SXSW e do 24fps International Short Film Festival. Sem contar que é o único dos cinco concorrentes também indicado ao BAFTA, na Inglaterra. Pelo tema e pela força da sua encenação, é o mais provável a levar o ouro no dia 04 de março.

 

MERECE: The Silent Child (Chris Overton e Rachel Shenton)
Esta produção inglesa de 20 minutos dirigida por Chris Overton – ator de filmes como O Fantasma da Ópera (2004) e Orgulho e Esperança (2014), em sua estreia na direção – e Rachel Shenton – que é a protagonista e roteirista do filme – conta a história de uma garota surda de apenas quatro anos que vive em um mundo de silêncio em meio a uma família de classe média, isso até que uma assistente social a ensina a se comunicar com os outros. Dono de uma narrativa bastante sensível, foi premiado pelo júri popular e pelo júri jovem no Aesthetica Short Film Festival, além de ter ganhado os festivais de Rhode Island, Savannah e Sydney. Se levar, será pelo voto do coração.

 

TORCIDA: The Eleven O’Clock (Derin Seale e Josh Lawson)
Única comédia entre os cinco indicados, esta produção australiana dirigida por Derin Seale – que foi diretor assistente em Cold Mountain (2003) – e escrita por Josh Lawson – ator, diretor e roteirista da comédia sexual A Pequena Morte (2014) – ambos em suas primeiras indicações ao Oscar, mostra o que acontece quando um paciente desiludido com o seu psicanalista passa a acreditar que é ele o profissional capaz de analisar o outro, e enquanto um tenta tratar as ilusões daquele em sua frente, a sessão simplesmente foge do controle. Com 13 minutos de duração, foi premiado no Festival de Rhode Island e no L.A. Shorts Fest, além da Academia de Cinema e Televisão Australiana. É pouco para fazer frente aos seus concorrentes, mas o suficiente para conquistar a nossa torcida.

 

AZARÃO: Watu Wote/All of Us (Katja Benrath e Tobias Rosen)
Esta produção alemã filmada no Quênia é, dos cinco finalistas, a mais premiada até o momento, já somando 29 vitórias. Ganhou os festivais de Ajyal, Alpinale, Bermuda, Biberach, Brooklyn, Durban, Eberswalde, Fünf Seen, Lübeck, Port Townsend, Pentedattilo, Potsdam, San Sebástian, Zanzibar e Washington DC Shorts, entre muitos outros. São reconhecimentos importantes, mas sua história, sobre ataques terroristas promovidos pelo Al-Shabaab no país africano onde a trama se desenrola, pode parecer étnico e distante demais dos votantes da Academia. Com 22 minutos de duração, tem peso e relevância para garantir a cobiçada estatueta dourada. Mas será que terá fôlego para mostrar o seu valor?

 

SURPRESA: My Nephew Emmett (Kevin Wilson, Jr.)
Segundo curta dirigido por Kevin Wilson Jr., My Nephew Emmett foi premiado na competição estudantil no Woodstock Film Festival e no Student Academy Awards, além de ter sido reconhecido como Melhor Direção no HollyShorts Film Festival. E esse é o seu histórico. Não obteve mais qualquer indicação e/ou prêmio para impulsionar o seu nome. Com 20 minutos de duração, sua trama se passa nas horas imediatamente anteriores ao linchamento de Emmett Till em 1955, no Mississippi. Trata-se de um episódio seminal da história norte-americana, com ligação direta ao movimento dos direitos negros. Porém, é o curta, dentre os cinco indicados, que recebeu as piores avaliações da crítica, que apontam o tom melodramático da narrativa como seu maior problema. E, como já diz o ditado, de boas intenções o inferno está cheio.

 

ESNOBADO: Naissance d’une Étoile (James Bort)
Difícil apontar qual curta foi esnobado. De uma lista de quase 200 títulos de todo o mundo que se inscreveram para essa competição, dez passaram por uma peneira na condição de pré-finalistas, até que desses somente cinco fossem indicados. Ou seja, outros cinco ficaram no “quase lá”. E, dentre esses, temos o francês Naissance d’une Étoile, ou, em bom português, O Despertar de uma Estrela, que chama a atenção por ser estrelado por ninguém menos do que a diva Catherine Deneuve! Outros que ficaram na mesma situação foram o australiano Lost Face, de Sean Meehan, baseado num conto de Jack London e com quase 20 troféus na bagagem, o libanês Témoins, de David Koch, estrelado por Virginie Ledoyen e premiado no LA Shorts, o suíço Facing Mecca, de Jan-Eric Mack, e o norte-americano Icebox, de Daniel Sawka (que já foi vendido e deverá ser adaptado para o formato de longa-metragem em breve).

:: Confira aqui as nossas análises das demais categorias ::

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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