Equilibrar bom humor e ativismo social é uma tarefa árdua. Há uma tendência natural de que artistas ligados à comédia não sejam levados a sério por parte do público que ainda acredita que tudo pode ser motivo para piadas. Mary Tyler Moore não somente conseguiu ser ouvida com atenção, como conciliou suas causas com seu trabalho na TV e no cinema sem perder a pose em algum deles. Como esquecer sua interpretação de Beth Jarret em Gente Como a Gente (1981), dirigido por Robert Redford? Tendo seu trabalho reconhecido com seis prêmios Emmy, Mary Tyler nunca esqueceu seus primeiros passos como atriz, no programa The Dick Van Dyke Show, que logo se tornou pequeno para seu talento. The Mary Tyler Moore Show não produzia apenas humor de qualidade, mas foi um marco de sua época ao ter como protagonista uma mulher solteira, independente e que pouco se importava com a opinião dos homens. Dona do próprio programa, roteirista e atriz que tinha as rédeas da própria carreira, ela logo tornou-se uma das referências para o movimento feminista que vivia o auge da sua segunda onda. Trocar o vestido comportado pelas calças confortáveis e falar abertamente sobre métodos anticoncepcionais parecem coisas mínimas para esta geração, mas foram as armas das personagens de Mary Tyler para fazer suas espectadoras repensarem conceitos e assumirem novos papéis na vida e na arte.

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é jornalista e especialista em cinema formada pelo Centro Universitário Franciscano (UNIFRA). Com diversas publicações, participou da obra Uma história a cada filme (UFSM, vol. 4). Na academia, seu foco é o cinema oriental, com ênfase na obra do cineasta Akira Kurosawa, e o cinema independente americano, analisando as questões fílmicas e antropológicas que envolveram a parceria entre o diretor John Cassavetes e sua esposa, a atriz Gena Rowlands.
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