Há categorias em que todos os concorrentes parecem ser favoritos à vitória. Nesta ocorre exatamente o contrário: nenhum dos cinco indicados parece reunir todas as características suficientes de um vencedor. Temos um jovem astro – como os votantes do Globo de Ouro volta e meia dão sinais de preferir esse tipo de perfil – mas num filme que prometia mais do que acabou entregando. Temos dois recentes vencedores (e ambos precisam provar muito ainda para ganhar novamente). Temos um inglês que soa como o favorito – ainda que nunca tenha recebido a devida atenção de Hollywood (ao menos até hoje, é claro). E, por fim, temos um galã em ascensão, num dos filmes do ano. Seria Adam Driver a escolha mais acertada? Dificilmente. Isso porque, apesar de estar concorrendo também ao Screen Actors Guild, ao Film Independent Spirit e ao Critics Choice, ele foi indicado ainda a uma dezena de premiações de associações de críticos por todo os Estados Unidos – e não ganhou em alguma delas. É o típico caso daquele que vai estar em tudo, sem levar nada. Mas, péra aí… não foi exatamente o que aconteceu com Aaron Taylor-Johnson, por Animais Noturnos (2016), cujo único reconhecimento recebido foi justamente no… Globo de Ouro? Então, como já sabemos… nesse caso, nunca diga nunca!
Indicados
- Mahershala Ali, por Green Book: O Guia
- Timothee Chalamet, por Querido Menino
- Adam Driver, por Infiltrado na Klan
- Richard E. Grant, por Poderia Me Perdoar?
- Sam Rockwell, por Vice
FAVORITO
Richard E. Grant, por Poderia Me Perdoar?
Um dos grandes veteranos ingleses, presente em sucessos como Dracula de Bram Stoker (1992), A Época da Inocência (1993), Assassinato em Gosford Park (2001) e A Dama de Ferro (2011), entre outras tantas produções oscarizadas, Richard E. Grant tem tudo para ser o J.K. Simmons deste ano: aquele coadjuvante fiel, que sempre esteve presente, mas nunca no centro das atenções, até quando é notado e se torna impossível seguir ignorado por mais tempo por seu talento superlativo. Por seu desempenho em Poderia Me Perdoar?, ele concorre ainda ao Screen Actors Guild Awards, ao Film Independent Spirit e ao Critics Choice, além de ter sido premiado pelos críticos de Boston, Chicago, Kansas, Nevada, Nova Iorque, Filadélfia, Phoenix, San Diego, Seattle, Southeastern, St. Louis e Vancouver. Parece ser a escolha óbvia, não é mesmo? Mas entre a oportunidade de serem inovadores (com Adam Driver) ou de reparar um deslize recente com um astro em ascensão (com Timothée Chalamet), talvez os votantes acabem esquecendo de Grant. O que seria uma tremenda injustiça.
AZARÃO
Timothée Chalamet, por Querido Menino
Assim como Sam Rockwell, Timothée Chalamet também está em sua segunda indicação consecutiva ao Globo de Ouro. A diferença é que, no início deste ano, Rockwell saiu da festa com a sua estatueta dourada, enquanto Chalamet, que aparecia numa disputa mais acirrada – concorreu a Melhor Ator em Drama por Me Chame Pelo Seu Nome (2017) – ficou a ver navios. Bom, talvez agora seja o momento certo para, enfim, reconhecer o talento nato de uma das maiores revelações jovens dos últimos anos em Hollywood. Querido Menino, quando anunciado, levantou muitas expectativas – tanto Chalamet quanto o seu parceiro de cena, Steve Carell, geraram muitos comentários cheios de esperança, assim como o roteiro do filme (baseado em uma história real relatada nos livros Beautiful Boy, de David Sheff, e Tweak, de Nic Sheff). No entanto, talvez o tema pesado – um pai ajudando seu filho a se recuperar do vício nas drogas – ou a mão um tanto pesada do diretor Felix van Groeningen tenha afastado uma maior audiência. Mesmo assim, Chalamet concorre também ao Screen Actors Guild Awards e ao Critics Choice, além de ter sido premiado pelos críticos de San Diego. Geralmente, como a única lembrança que o filme recebeu. Ou seja: tem chances? Muitas, até num sentido de reparação pelo que lhe aconteceu na edição anterior. Mas se de fato acontecer, não deixará de ser uma bela surpresa.
SEM CHANCES
Sam Rockwell, por Vice
Tanto Mahershala Ali quanto Sam Rockwell ganharam, nos dois últimos anos, o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. O primeiro por Moonlight: Sob a Luz do Luar (2017), e o segundo por Três Anúncios para um Crime (2018). A diferença é que, dos dois, somente Rockwell levou também o Globo de Ouro – Ali perdeu para… Aaron Taylor-Johnson, por Animais Noturnos, como já comentado neste artigo. Sendo assim, digamos que o candidato de Green Book: O Guia tem chances um pouco maiores do que as do concorrente de Vice que, apesar de ser o filme campeão de indicações deste ano, não parece se posicionar como favorito em qualquer das disputas. Rockwell é um bom ator, mas não o bastante para ser premiado em dois anos consecutivos. Além do mais, ele aparece aqui interpretando o ex-presidente George W. Bush, que está vivo e servindo a comparações. Só não ter sido constrangedor, vamos confessar, já foi mais que suficiente.
ESQUECIDO
Sam Elliott, por Nasce uma Estrela
Como assim, o veterano astro de Nasce uma Estrela, indicado ao Critics Choice e ao Screen Actors Guild Awards, premiado no National Board of Review e pelas associações de críticos de Atlanta, Las Vegas, Santa Barbara e Indiana, ficou fora do Globo de Ouro? Mesmo com pouco tempo em cena, Sam Elliott ilumina cada instante em que aparece no longa dirigido e estrelado por Bradley Cooper, que o escolheu, apesar da grande diferença de idade entre eles, para ser o seu irmão na ficção. E a química entre eles – e dele com Lady Gaga – é pulsante. Elliott é dono de duas indicações prévias ao Globo – sempre em programas de televisão. Essa seria a oportunidade perfeita para lhe oferecer um reconhecimento há muito devido. Lamentavelmente, foram cegos e não conseguiram identificar o que tinham em mãos. Uma pena, que espera-se não se repita no Oscar!
:: Confira aqui tudo sobre o Globo de Ouro 2019 ::
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