Crítica


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Sinopse

Loki e Sylvie ficam presos no futuro, numa lua prestes a entrar em colapso. Em busca de uma fonte massiva de energia para recarregar um aparelho, enquanto o mundo está literalmente morrendo, eles vão descobrir afinidades.

Loki


Loki :: T02


Loki :: T01

Episódio Data de exibição
Loki :: T01 :: E06 14/07/2021
Loki :: T01 :: E05 7/07/2021
Loki :: T01 :: E04 30/06/2021
Loki :: T01 :: E03 23/06/2021
Loki :: T01 :: E02 16/06/2021
Loki :: T01 :: E01 9/06/2021

Crítica

Chegamos à metade de Loki, minissérie que segundo os chefões da Marvel seria a mais importante das empreitadas serializadas dos super-heróis do UCM. Porém, até agora pouca coisa aconteceu de empolgante. No capítulo anterior, fomos apresentados à variante Loki feminina que estava tocando o terror nas linhas temporais sagradas, chegando ao ponto de decretar o caos que parecia prenunciar uma espécie de apocalipse interdimensional de proporções difíceis de mensurar. Pois bem, Lamentis, a terceira parte, segue obedientemente uma estrutura manjada em que dois antagonistas se familiarizam e desenvolvem afinidades diante da necessidade de cooperar. Loki (Tom Hiddleston) foi atrás de Sylvie (Sophia Di Martino) num portal, à revelia dos agentes da Autoridade da Variação do Tempo, e o que vemos durante um pouco mais de quarenta minutos é novamente uma lenga-lenga expositiva, emoldurada por uma missão que une dois inimigos mortais.

A diretora Kate Herron faz de Lamentis uma possibilidade de reconhecimento mútuo. Até certo ponto, parece uma subversão da lógica prevalente entre os produtos de super-heróis a existência de uma minissérie que possui mais diálogos do que ação. Porém, confirmando o que já tinha acontecido nos episódios anteriores, aqui essas conversas não servem para aprofundar os personagens e tampouco têm a função de desenhar cenários comoventes/emocionantes/impressionantes. Tirando as bombas de fumaça representadas pela urgência de fazer A ou B, por enquanto Loki é como um manual de instruções ilustrado. Nele, pessoas/seres existem e interagem com o intuito de mostrar ao espectador o funcionamento do multiverso, provavelmente uma das tendências principais a serem exploradas no futuro próximo tanto pela Marvel quando por sua concorrente principal, a DC Comics. E dá-lhe gente andando e levantando a bola ao interlocutor explicar tudo sobre algo.

Em Lamentis, Loki e Sylvie, a variante que se deu outro nome – facilidade para diferenciar homônimos –, vão parar numa lua em colapso depois de frustrados seus planos de encontrar os Guardiões do Tempo. O conflito é engatilhado pela falta de carga do dispositivo que pode fazê-los viajar interdimensionalmente. Assim, em busca de uma fonte de energia massiva capaz de revitalizar a traquitana, os dois ficam perambulando por um lugar prestes a ser extinto, batendo papos sobre como eram suas mães, quais os limites de seus poderes e coisas assim. É uma jornada breve de reconhecimento de terreno, em meio a qual se desperdiça o absurdo (trivialidades são debatidas enquanto um sistema literalmente está para morrer); a ironia (os dois Lokis são mais parecidos do que poderíamos imaginar num primeiro momento); e a intriga (Sylvie é uma figura bem menos interessante do que pressupunha a aura de mistério antes dela tirar a capa). Pouco avança por ali.

Ao que tudo indica, Loki não vai ser mais que um capítulo intermediário dentro do projeto maior. A missão de introduzir o multiverso no UCM já está garantida, pois nesses três episódios com gente falando pelos cotovelos e esclarecendo detalhadamente como funcionam dobras, variantes, perturbações e legislações já há uma base à compreensão. O que talvez Lamentis aponte é uma não tão surpreendente possibilidade de virada. Vendida como órgão existente para manter a ordem, a Autoridade da Variação do Tempo talvez não seja tão boazinha como os funcionários pensam. Isso é algo suscitado pela revelação da ignorância sobre como tudo funciona por ali do ponto de vista do recrutamento dos agentes e demais funcionários. Pode ser uma lorota da nova Deusa da Mentira? Claro, mas nem a dúvida é trabalhada. Não seria uma surpresa que, ao final da minissérie, o enigma por trás da localização e da identidade dos Guardiões do Tempo fosse desmontado por uma realidade pouco excepcional. A julgar pelos desperdícios até agora, quiçá até isso se torne uma epifania anticlimática.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.
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