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Sinopse

No primeiro episódio da sétima temporada de Black Mirror, quando uma emergência médica deixa a professora Amanda lutando por sua vida, seu marido desesperado Mike a inscreve no Rivermind, um sistema de alta tecnologia que a manterá viva. Fantasia/Ficção Científica.

Black Mirror


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Crítica

A série Black Mirror se confirmou um fenômeno desde a primeira temporada, lançada em 2011 e com apenas três episódios. Astros como Rory Kinnear, Toby Kebbell e o posteriormente oscarizado Daniel Kaluuya eram os protagonistas de um trio de histórias aparentemente independentes, mas interligadas por um tema: a ansiedade da vida moderna, frente a um futuro cada vez mais dominado por soluções tecnológicas (nem sempre bem-vindas, como logo se percebe). A boa vontade do público e, principalmente, da crítica continuou nos anos seguintes (2013, 2016 e 2017, essas duas últimas já sob o comando da Netflix). A quinta leva, de 2019, deixou um gosto agridoce mesmo entre os fãs mais radicais, ao menos até a estreia da sexta compilação, de 2023, que desagradou a praticamente todo mundo. Seria o esgotamento da fórmula? Bom, Pessoas Comuns, primeiro capítulo deste sétimo combo de relatos está aqui para provar que ainda há muito o que se explorar nesse território.

Estrelado por Chris O’Dowd e Rashida Jones, Pessoas Comuns gasta praticamente quase a totalidade da sua uma hora de duração focado num casal que, mesmo diante do desgaste natural de qualquer relação duradoura, segue feliz e apaixonado um pelo outro. Mike é empreiteiro, trabalha o dia inteiro em uma obra e volta todo dia para casa morrendo de saudades da esposa, Amanda. Ela é professora infantil, e parece satisfeita com sua própria rotina. Isso, é claro, ao menos até que desmaie em plena sala de aula. Levada às pressas para um hospital, se descobre nela um tumor cerebral em estado avançado. Suas chances de sobreviver são mínimas. Mas nada de desespero. Afinal, a empresa Rivermind existe justamente para casos como esse.

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É quando entra em cena Gaynor, a representante comercial vivida por Tracee Ellis Ross. A vencedora do Globo de Ouro pela série Black-ish (2014-2022) compõe a típica defensora da livre iniciativa, fruto de uma sociedade na qual devem perdurar apenas os mais fortes e em melhores condições, enquanto os demais merecem não mais do que ficar pelo caminho. A Rivermind oferece uma sobrevida, por meio de um microchip implantado diretamente no cérebro da paciente. Porém, essa energia virá de uma plataforma externa. Tal qual uma empresa de streaming, que oferece conteúdo aos interessados, desde que esses se tornem assinantes. Ou seja, Amanda tem uma chance de permanecer viva. Para isso, terá apenas que pagar uma taxa mensal. Mas esse não é um negócio tão simples. Afinal, qual plano ofertado pela companhia lhe parece mais atraente: com ou sem anúncios publicitários, à disposição 24 horas por dia ou apenas uma fração deste tempo, sem interferência em seu funcionamento ou por meio de condicionais que poderá alterar drasticamente a própria pessoa que ela é?

Rashida Jones está excepcional na personagem, principalmente a partir do momento no qual Amanda passa a incorporar essas novas nuances às quais ela estará sujeita. Chris O’Dowd, por sua vez, como o marido apaixonado disposto a tudo para pagar a mensalidade do serviço que sua esposa tanto necessita, mergulha num caos de desespero e dissimulação cuja angústia se torna quase palpável. O embate interno dos dois tem um só destino, e acompanhar tal jornada é apavorante, mesmo entre os mais céticos. Pessoas Normais tinha tudo para ser uma história de amor. Mas isso é Black Mirror. E aquilo que começa de forma tão idílica, rapidamente irá se confirmar um conto de horror asfixiante. É tão bom poder respirar novamente. Mas a que preço?

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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