A partir de segunda-feira, 9 de março, o Goethe-Institut São Paulo oferece aos cinéfilos da capital a oportunidade de aprender, em seis aulas gratuitas, os principais momentos do nascimento do cinema pelo ponto de vista da cinematografia alemã. O crítico de cinema Donny Correia ministra o curso Kinematik – Cinema Alemão em movimentos, passando pelos primeiros filmes, o nascimento do expressionismo alemão, as obras-primas e a evolução do pós-guerra. As inscrições podem ser feitas no site oficial.

Abaixo, o Papo de Cinema lista alguns fatores interessantes sobre este momento inicial do cinema, que serão abordados em profundidade no curso:

 

Metrópolis (1927)

 

  1. Os alemães já reivindicaram o título de inventores do cinema. Em 1907, o jornal Der Komet atribuiu a Max Skladanowsky o título de inventor do cinema, devido às sessões organizadas com o Bioskop em Berlim, em novembro de 1895. Este é o mesmo ano em que os franceses reivindicam a invenção do cinema, devido à exibição de A Chegada do Trem à Estação dos irmãos Lumière.
  2. Do teatro ao cinema. Max Reinhardt era um dos diretores de teatro e professores de artes cênicas mais aclamados da Alemanha no início do século XX. Ao contrário de muitos dramaturgos que torceram o nariz para a chegada do cinema, ele abraçou a nova arte e dirigiu dois filmes. Mais tarde, quando se mudou aos Estados Unidos, deu aulas, entre outros, ao jovem Clint Eastwood.
  3. Os opostos se atraem. Ernst Lubitsch, considerado um dos maiores diretores de todos os tempos e grande especialista das comédias românticas, consagrou a dupla formada por Maurice Chevalier e Jeanette MacDonald – esta última, descoberta por ele. Os cinco filmes do casal representaram os maiores sucessos de suas carreiras, apesar de, longos dos holofotes, Chevalier e MacDonald detestarem um ao outro.
  4. Pense em Lubitsch. Ainda sobre Ernst Lubitsch, Billy Wilder ficou conhecido por colocar na porta de seu escritório, nos Estados Unidos, a placa “O que Lubitsch faria?”. Este era o mantra do grande cineasta norte-americano quando se encontrava diante de algum impasse criativo.
  5. Duas vezes Wegener. Paul Wegener, astro do início do cinema alemão, era fascinado pelo Oriente e conhecido pelos traços físicos muito distintos da maioria dos alemães. Ele aproveitava essas características para atuar em projetos ousados, às vezes com mais de um papel no mesmo filme. Em The Student of Prague (1913), também dirigido por ele, Wegener chega a usar a dupla exposição, algo totalmente inovador para a época.
  6. Outro diretor para Caligari. O Gabinete do Dr. Caligari (1920), um dos maiores filmes de todos os tempos, constitui a obra-prima do diretor Robert Wiene, mas quase foi comandado por outro cineasta. O projeto foi inicialmente oferecido a Fritz Lang, que se interessou pela história, mas estava ocupado com outra filmagem.
  7. Problemas com o vampiro. O clássico Nosferatu (1922) foi considerado tão extremo para a época que chegou a ser proibido de alguns países, como a Suécia, durante décadas. Livremente inspirado no Drácula de Bram Stoker, o filme foi alvo de processo da viúva do escritor, que conseguiu a destruição de algumas cópias. Felizmente, outras permaneceram intactas em países vizinhos, e foram aproveitadas para as exibições.
  8. Um blockbuster? A Alemanha já fazia nos anos 1920 produções gigantescas e suntuosas, perto do que hoje seria considerado um blockbuster. O épico Os Nibelungos (1924), por exemplo, trazia um dragão de mais de 18 metros de altura, concebido exclusivamente para as filmagens, e foi apresentado diversas vezes com orquestra ao vivo.
  9. Adorado por Hitler. Fritz Lang, diretor de projetos progressistas, ficou surpreso ao descobrir que seu clássico de ficção científica, Metropolis (1927), era um dos filmes preferidos de Adolf Hitler e Joseph Goebbels. Convidado pelo líder nazista a trabalhar para o governo, apesar das origens judaicas, Lang fugiu para a França.
  10. “Incitação ao terrorismo”. Uma vez longe da Alemanha, e durante o período em que as produções sonoras dominavam o cinema, Lang dirigiu O Testamento do Dr. Mabuse (1933) em duas versões – tanto em língua inglesa quanto em língua francesa. A história foi censurada pelos nazistas alemães, acusada de “incitar comportamento antissocial e o terrorismo contra o Estado”.

 

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Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.
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