15 mar

Oscar 2022 :: Apostas para Melhor Figurino

Aqueles que quiserem antever quem tem mais chances de conquistar o Oscar em Melhor Figurino devem ficar atentos aos escolhidos do sindicato da categoria, o Costume Designers Guild Awards. A premiação específica é dividida em três no que se refere aos lançamentos de cinema: Figurinos Contemporâneos, Figurinos de Época e Figurinos de Fantasia/Ficção Científica. Os cinco finalistas da Academia foram também indicados ao CDGA, e dois foram premiados – um em Filme de Época, outro em Filme de Fantasia – o que já os colocam um passo adiante dos seus concorrentes. Curioso, no entanto, é perceber a preferência dos votantes em produções ambientadas em tempos distantes ou imaginados, deixando claro seu ponto interesse por longas cujas tramas se passam no presente. Frente a esse cenário, confira as nossas apostas!

INDICADOS

 

FAVORITO
Cruella, de Jenny Beavan
Cruella, o spin-off em live-action para o clássico 101 Dálmatas (1961) focado na vilã da história recebeu apenas duas indicações ao Oscar – e, se bobear, é capaz de ganhar as duas estatuetas! Muito em parte se deve aos créditos dos talentos envolvidos nessas questões técnicas. Jenny Beavan, por exemplo, é uma das figurinistas mais respeitadas de Hollywood. Ela já foi indicada nada menos do que 11 vezes, e possui dois carecas dourados em casa: Uma Janela para o Amor (1985) e Mad Max: Estrada da Fúria (2015) – bem eclética ela, não? Nessa temporada ela ganhou o CDGA como Melhor Figurino em Filme de Época – superando os colegas de Amor, Sublime Amor, Cyrano e O Beco do Pesadelo – e também o Bafta, o Critics Choice, o Hollywood Critics Association e diversas associações regionais de críticos. Ou seja, é a mais premiada, e está com folga na posição de favorita. Se perder, só frente a um peso pesado – justamente aquele que está como ‘azarão’ na disputa!

AZARÃO
Duna, de Jacqueline West, Robert Morgan
Jacqueline West possui três indicações anteriores ao Oscar, enquanto que Bob Morgan está concorrendo pela primeira vez. Os dois respondem, no entanto, pelas vestimentas dos personagens de Duna, um dos campeões de indicações deste ano – concorre em 10 categorias – e apontado como aquele que deverá se destacar principalmente nas categorias técnicas (como essa aqui, aliás). Por esse trabalho, a dupla foi indicada a praticamente todas as premiações possíveis dessa temporada, mas ganhou apenas junto aos críticos da Carolina do Norte, de Phoenix e de Portland. Seria muito pouco, não fosse mais uma vitória que pode fazer toda a diferença: no Costume Designers Guild Awards, porém como Melhor Figurino em Filme de Fantasia/Ficção Científica, derrotando concorrentes como Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa e Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (ambos também indicados ao Oscar, porém em outra categoria), mas também títulos como A Lenda do Cavaleiro Verde, Matrix Resurrections e O Esquadrão Suicida (que nem perto do Oscar chegaram). É uma conquista importante, portanto, mas será suficiente para determinar uma virada de jogo?

NEGAÇÃO
Cyrano, de Massimo Cantini Parrini, Jacqueline Durran
Não estamos falando de desconhecidos aqui. Jacqueline Durran está em sua oitava indicação e também possui duas estatuetas douradas em casa – por Anna Karenina (2012) e por Adoráveis Mulheres (2020). Já Massimo Cantini Parrini está indicado recém pela segunda vez, mas a anterior foi justamente no ano passado – não é qualquer um que consegue ser lembrado em duas temporadas consecutivas – pelo italiano Pinóquio (2019). No entanto, estão concorrendo por Cyrano, filme que apontava-se com potencial para figurar em muitas outras categorias – Filme, Ator, Maquiagem e Cabelos, Design de Produção, por exemplo – mas acabou marcando presença apenas por aqui. Parece ter sido um caso de citação mais pelo talento dos profissionais envolvidos do que pela excelência do trabalho exibido. Tanto é que chegaram a ser indicados ao Bafta e ao Satellite – mas em absolutamente mais lugar nenhum. E, apenas para ficar claro, não ganharam nenhuma dessas duas disputas. O mesmo destino que lhes reserva junto ao Oscar, aliás.

ESQUECIDO
Um Príncipe em Nova York 2, de Ruth E. Carter
A comédia estrelada por Eddie Murphy conseguiu apenas uma indicação ao Oscar – Melhor Maquiagem e Cabelos – e está entre os favoritos. Se tivesse aparecido também por aqui – o que seria bastante justo, aliás – não seria um concorrente a ser desprezado. Afinal, Um Príncipe em Nova York 2 ganhou o CDGA como Melhor Figurino em Filme Contemporâneo, superando concorrentes como Não Olhe Para Cima e 007: Sem Tempo Para Morrer (ambos com mais indicações ao Oscar). Sem esquecer de mencionar que se trata de Ruth E. Carter, a primeira mulher negra a ganhar o Oscar nessa categoria – por Pantera Negra (2018) – além de ter no currículo duas outras indicações anteriores (Amistad, 1997, e Malcolm X, 1992). Como se percebe, o trabalho da figurinista é sempre voltado à força da identidade negra, exatamente o que ela faz nessa sequência do sucesso dos anos 1980, que ao invés de ter a maior parte da sua trama nos Estados Unidos (como o título sugere), teve sua história transferida para o reino fictício de Zamunda, no meio da África, e muito dessa criação só se mostra verossímil pelos impressionantes figurinos por ela imaginados.
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Robledo Milani

é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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