3 mar

Oscar 2022 :: Apostas para Melhor Atriz

Ao contrário da categoria irmã de Melhor Ator, a disputa entre as melhores protagonistas femininas está completamente em aberto. Até a cerimônia de entrega do Oscar, no dia 27 de março, tudo (ou quase tudo) pode mudar. Ao menos agora, com pouco menos de um mês antes da premiação, o cenário é este descrito abaixo, mas também não há muitas certezas envolvidas. E os motivos para tanto são diversos. Para começar, a única que estava sendo indicada em todos os certames de peso desta temporada surpreendeu ao ficar de fora da lista, pegando todos os que acompanhavam a corrida ao ouro hollywoodiano de surpresa. Depois, um dos maiores parâmetros prévios, o Bafta, também deixou muita gente de boca aberta ao apresentar uma lista de finalistas que não combinou em nada com a do Oscar – as seis indicadas lá não concorrem aqui, e vice-versa. Há ainda também o fato de que nenhum dos longas aqui indicados concorrem a Melhor Filme (ou seja, não há um título que pudesse despontar como favorito, sendo visto pela maioria e, com isso, capaz de empurrar sua protagonista para a vitória). Em um cenário tão embaralhado, difícil fazer qualquer previsão. Dito isso, confira as nossas apostas!

INDICADAS

 

FAVORITA
Jessica Chastain, por Os Olhos de Tammy Faye
Essa é a terceira indicação de Jessica Chastain ao Oscar – concorreu antes por Histórias Cruzadas (2011) – como coadjuvante – e por A Hora Mais Escura (2012). Nessa última disputa foi considerada favorita por grande parte da temporada, dividindo as apostas com a colega Jennifer Lawrence, por O Lado Bom da Vida (2012), que acabou sendo a premiada. Seria, portanto, a sua vez? Se levarmos em consideração também o fato de que, das cinco indicadas, é uma das duas únicas sem Oscar (três das concorrentes ganharam em ocasiões anteriores) – e que a outra é uma novata na premiação, ao contrário dela – suas chances aumentam consideravelmente. Soma-se a isso a conquista no SAG Awards, o sindicato dos atores, batendo colegas como Kidman e Colman – e não se pode ignorar o fato dos intérpretes responderem pela maior fatia dos votantes da Academia! Por fim, a própria personagem que interpreta, Tammy Faye, foi uma figura real bastante popular e controversa nos Estados Unidos – ou seja, premiar uma seria, também, reconhecer a outra. Parece uma combinação imbatível. Ou não. Somente o tempo dirá.

AZARÃO
Nicole Kidman, por Apresentando os Ricardos
Assim como Chastain, Nicole Kidman também concorre por uma cinebiografia, interpretando uma figura real que foi bastante popular nos Estados Unidos – a atriz Lucille Ball, estrela do seriado I Love Lucy (1951-1957), um verdadeiro fenômeno. Kidman, porém, já ganhou um Oscar – por As Horas (2003) – e está em sua quinta indicação. Apresentando os Ricardos, seu filme, também decepcionou nas indicações – esperava-se que marcasse presença em mais categorias, como Melhor Filme, Direção, Roteiro, Direção de Arte, Figurino e Maquiagem e Cabelos – mas acabou tendo que se consolar com apenas três: além dessa, disputa em Ator (Javier Bardem) e Ator Coadjuvante (J.K. Simmons). Ou seja, sinal de que, apesar de elogiado pela crítica, talvez não tenha sido tão amado assim pelos votantes da Academia. Mesmo assim, é inegável que a protagonista esteja em uma das suas melhores atuações nos últimos anos, um reconhecimento confirmado pela vitória no Globo de Ouro e pelas indicações ao Critics Choice, SAG Awards e nas premiações dos críticos de Dallas-Fort Worth, Denver, Detroit, Havaí, Phoenix, St. Louis e Washington. Pode ganhar? Pode. Mas melhor não colocar todas as fichas nela.

NEGAÇÃO
Penélope Cruz, por Mães Paralelas
A estreante na premiação, Kristen Stewart, é, provavelmente, a mais premiada deste ano – mas, supreendentemente, ficou de fora das finalistas ao SAG Award, o que diminuiu bastante as suas chances. Olivia Colman, por outro lado, tem em A Filha Perdida uma das suas melhores atuações – mas essa não só é sua terceira indicação, como ganhou na primeira, por A Favorita (2018), e talvez seja o caso de “muito em pouco tempo”. Por isso que tanto Chastain quanto Kidman parecem ter mais chances. E o que dizer de Penélope Cruz? Vencedora do Leão de Prata como Melhor Atriz no Festival de Veneza por este desempenho (superando Stewart e Colman, bom lembrar), ela aparece em desvantagem apenas pelo fato de ser espanhola e estar em um filme falado em uma língua estrangeira, o que obriga os norte-americanos a enfrentarem as “temidas” legendas (e é notória a aversão do público de lá em relação a esse recurso). Por Mães Paralelas, ficou de fora do Bafta, do Film independente Spirit, do Globo de Ouro e do SAG Award, e ainda que tenha sido considerada a melhor do ano pela Sociedade Nacional dos Críticos de Cinema dos Estados Unidos e pelas associações de críticos de Los Angeles e de San Diego, perdeu na própria casa – no Goya, o “Oscar” espanhol. É uma indicação de prestígio, com certeza. E há, também, méritos mais do que suficientes em cena para uma eventual vitória. Mas em uma disputa tão acirrada, ela parece, infelizmente, ser a mais desfavorecida. Apenas para constar, essa é a quarta indicação de Cruz, que ganhou como coadjuvante por Vicky Cristina Barcelona (2008).

ESQUECIDA
Lady Gaga, por Casa Gucci
Indicada por Nasce uma Estrela (2018) e pela canção do documentário The Hunting Ground (2015) – e vencedora por “Shallow”, canção original de Nasce uma Estrela – Lady Gaga estava apostando todas as suas fichas em uma quarta indicação (e talvez até mesmo em uma segunda vitória, a primeira nessa categoria) por sua atuação em Casa Gucci. E não é pra menos: ela foi lembrada por absolutamente todas as grandes premiações prévias, do Globo de Ouro ao Critics Choice, do SAG Award até mesmo ao Bafta (o que nenhuma das finalistas por aqui conseguiu, aliás). Apontada como a melhor atriz do ano pelos críticos de Nova Iorque e Iowa, somente alguém muito alienado – ou bastante perceptivo – arriscaria antever sua exclusão. Mas não deixa de ser justificada. Afinal, a performance que entrega como Patrizia Reggiani é por demais irregular, se aproximando mais da caricatura do que da originalidade, prejudicada também por uma narrativa confusa e de condução equivocada. Chamou atenção, com certeza – o filme concorre em Melhor Maquiagem e Cabelos. Mas não merece, de forma alguma, os aplausos que muitos acreditavam lhes serem justos.
:: CONFIRA AQUI TUDO SOBRE O OSCAR 2022 ::

Robledo Milani

é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *