Embora os circuitos exibidores no mundo inteiro sofram com o fechamento das salas e a paralisação das atividades, a China sofreu um golpe ainda maior: o país, primeiro afetado pela Covid-19, decretou a interrupção das sessões de cinema desde 23 de janeiro, e ainda não obteve autorização do Estado para a reabertura completa. O país teme uma segunda onda de contaminações, que já afetou algumas cidades.

A China Film Association e a China Film Distribution Association efetuaram uma pesquisa com 187 circuitos de cinema pelo país, incluindo 20 das maiores redes chinesas, para descobrir o impacto que o fechamento traria ao setor. Apenas 10% dos proprietários pretendem efetuar mudanças na direção para manter as salas abertas, enquanto 28% aguarda a aprovação do Estado para tomar medidas de reestruturação.

No entanto, 42% dos cinemas declaram que “muito provavelmente” fecharão as portas em caráter definitivo. A China constitui o segundo maior mercado de cinema do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Com 69.800 salas espalhadas pelo país, tem apresentado rápida expansão do circuito exibidor: 50% dos cinemas disponíveis entrou em atividade nos últimos cinco anos.

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Caso os cinemas reabrissem em junho, a arrecadação anual sofreria uma queda de 66%, o que implica numa perda de US$6 bilhões, segundo o estudo. Na simulação de uma reabertura em outubro, o índice aumentaria para 91%. A análise conclui que cinemas menores, mais antigos e independentes serão os mais fortemente afetados, ao passo que as grandes franquias demonstram mais recursos para recuperação.

90% dos cinemas responderam que não acreditam na retomada de um fluxo habitual de frequentadores ainda em 2020, seja pelo receio das pessoas em circularem por espaços fechados, seja pela necessidade de promover sessões com cadeiras vazias entre os espectadores, para respeitar as medidas sanitárias de distanciamento.

Até o final de março, 20% das empresas já haviam demitido seus funcionários, enquanto 12% têm oferecido salários reduzidos durante a pandemia. Wanda, uma das maiores redes do país, já demitiu 30% dos trabalhadores, e sofre pressões para preservar os empregos dos demais 15 mil funcionários.

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Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.
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