Diante de tantos serviços de streaming operando no mercado brasileiro, a Filme Filme surge como alternativa de proposta bastante diferente. Primeiro, porque não se considera apenas uma plataforma para exibição, já que a ideia é a formação de uma verdadeira comunidade de amantes de cinema. Segundo, pois o modelo de locação individual permite ao cadastrado um aproveitamento maior do investimento de seu rico dinheirinho. Terceiro, porque o catálogo semanalmente recheado de novidades – em breve haverá espaço para os curtas-metragens – é pensado em conjunto por um time de curadores de peso. Nesta semana, por exemplo, começam a ser disponibilizados três novos títulos, um em cada seção principal do site: Festivais, Documentários e Populares. A ideia dessa distribuição é, justamente, atender a públicos distintos, oferecendo conteúdo para quem gosta desde daquele filme que causou burburinhos em festivais nacionais aos exemplares que se tornaram sucesso de público quando de suas passagens pelas telonas do cinema. Então, vamos conferir quais são as novidades desta semana no catálogo da Filme Filme?
Synonymes, de Nadav Lapid
Vencedor do Urso de Ouro do Festival de Berlim de 2019, o longa-metragem de Nadav Lapid também garantiu o troféu da FIPRESCI, oferecido pela Federação Internacional de Críticos de Cinema. Foi exibido pela primeira vez no Brasil na 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
“O diretor e roteirista Navad Lapid faz do seu protagonista um retrato do mundo no século XXI, consumido por aquilo que lhe foi cobrado nesse caminho até aqui. A inspiração nos clássicos da Nouvelle Vague é evidente: desde a composição do personagem de Dolmaire, nitidamente inspirado no truffauniano Jean-Pierre Leaud, até a câmera nervosa, que os acompanha por corridas desenfreadas pelas ruas da capital francesa ao mesmo tempo em que perscruta seus corpos com um cuidado minucioso, o que se vê é um mergulho numa técnica e estilo de meio século antes, ao mesmo tempo em que direciona seus olhares para um futuro cada vez mais incerto e impreciso”. Confira aqui a nossa crítica na íntegra.
Mussum: Um Filme do Cacildis, de Susanna Lira
Produção que levou quatro anos da concepção ao lançamento nos cinemas, este documentário de Susanna Lira aborda diferentes ângulos da trajetória do humorista e sambista Antônio Carlos Bernades Gomes, conhecido carinhosamente como Mussum.
“Se encarrega não apenas de investigar quem foi o músico e trapalhão por trás da figura que tanto sucesso fez quando vivo, mas como pode ele, mesmo vinte e cinco anos após a sua morte, seguir sendo tão popular e celebrado. Uma ambição que, mesmo não sendo atingida na sua totalidade, revela méritos inegáveis dentro de um esforço orgânico que vai além da mera matemática. Narrado por Lázaro Ramos – que também atuou como consultor do roteiro – surge num momento de redescoberta do personagem. O carisma inabalável que exibia como um dos integrantes de Os Trapalhões o levou a se eternizar de uma forma que seria difícil de imaginar antes da sua morte”. Confira aqui a nossa crítica na íntegra.
EXCLUSIVO :: Entrevista com a cineasta Susanna Lira
O Novíssimo Testamento, de Jaco Van Dormael
Longa indicado ao Globo de Ouro 2016 de Melhor Filme Estrangeiro, participou de inúmeros festivais mundo afora, se tornando um pequeno sucesso de público em boa parte dos territórios nos quais foi exibido comercialmente.
“O Deus abrãamico é um sujeitinho rancoroso, ciumento, cheio de orgulho, injusto e intransigente, e não é figura diferente que o filme O Novíssimo Testamento evoca na pele de Benoît Poelvoorde. Um rabugento homem branco de meia idade, violento com a filha e cerceador das vontades e desejos próprios da mulher, Deus passa a maior parte de seu tempo em um computador desatualizado – única mobília de um escritório que tem as paredes tapadas por gavetas de arquivos antiquados – enquanto fuma e se diverte inventando leis absurdas para governar os humanos. E se essa parece ser a principal crítica à religião feita pelo filme de Jaco Van Dormael, um olhar mais atento revela o contrário, já que essa é uma tradução quase literal do personagem e da realidade descritos na Bíblia”. Confira aqui a nossa crítica na íntegra.
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