20240418 cem anos de solidao papo de cinema

Há quem defenda que obras-primas da literatura não devessem ser adaptadas ao audiovisual. Por exemplo, o cineasta inglês Alfred Hitchcock, que trabalhou em grande parte de sua carreira levando livros pouco conhecidos às telonas, defendia a sua preferência pelas publicações menos geniais como matriz de trabalho, dizendo que a partir de uma origem interessante, mas menos qualificada, era possível manobrar melhor e criar algo novo. Mas, há quem prefira escalar o Monte Everest, por assim dizer, e levar às telas obras canônicas da literatura. É o caso da Netflix com Cem Anos de Solidão (2024-), série baseada na obra-prima homônima do escritor colombiano Gabriel García Márquez, um dos pilares do realismo fantástico da literatura latino-americana. A simples menção de uma adaptação assusta os fãs do original, especialmente pela complexidade de transformar em imagens algumas percepções subjetivas de um mundo repleto de acontecimentos poéticos. Porém, o primeiro teaser divulgado pela gigante do streaming nesta quarta-feira, 17, deixou uma boa impressão.

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Na prévia divulgada pela Netflix, vemos Aureliano Babilônia lendo o mítico diário de Melquíades e somos transportados à fascinante Macondo, onde, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía (Claudio Cataño) se recorda daquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo. Também é possível ver outros personagens importantes, tais como José Arcádio Buendía (Marco González) e Úrsula Iguarán (Susana Morales). Com estreia programada para este ano (em data a ser anunciada), Cem Anos de Solidão é dirigida por Laura Mora Ortega e Alex García López, considerada pela empresa norte-americana como “um dos projetos audiovisuais mais ambiciosos de todos os tempos da América Latina”. A expectativa está nas alturas. Vamos acompanhar.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.
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