Na última semana, Rua do Medo 1994: Parte 1 (2021) chegou à Netflix mobilizando um número expressivo de espectadores em busca da adaptação cinematográfica de R.L. Stine. O filme combina o slasher adolescente com uma forte diversidade social, incluindo um casal de garotas lésbicas, um garotinho negro extremamente inteligente e uma líder de torcida muito diferente dos clichês. Leia a nossa crítica.

Para quem gostou do resultado, o Papo de Cinema lista cinco filmes que servem de referência ao projeto ou dialogam com este tipo de terror:

 


1. Pânico (1996), de Wes Craven
Não resta dúvida de que a produção da Netflix tenta resgatar a onda dos teen slashers dos anos 1990, representados principalmente pela saga Pânico. Nestas histórias, jovens eram perseguidos por adversários mascarados com facas, foices e outros objetos cortantes nas mãos. Mesmo que a trilogia de 2021 introduza elementos sobrenaturais, ao contrário dos filmes sobre psicopatas de algumas décadas atrás, os dois se unem na representação do medo da passagem à fase adulta por meio do inimigo anônimo. De Pânico (1996) a Pânico 4 (2011), vale rever toda a franquia.

 


2. Corrente do Mal (2014), de David Robert Mitchell
O controverso filme de terror apresentava um perigo voltado aos adolescentes e transmitido especificamente através do sexo. Algumas leituras apressadas sugeriam uma metáfora para doenças sexualmente transmissíveis, porém o roteiro sugere um funcionamento mais perverso: a partir do momento que você passa o perigo a alguém, deixa de carregá-lo consigo. Assim, os personagens são levados a fazer sexo com pessoas de quem não gostam, como forma de punição. O filme brinca habilmente com a paranoia norte-americana sobre o sexo livre (também representada em Rua do Medo 1994 por meio da homossexualidade feminina), e representa muitíssimo bem o mundo de jovens precisando sobreviver sozinhos, enquanto os pais estão ausentes, exatamente como na saga baseada em R.L. Stine.

 


3. Puro Sangue (2017), de Cory Finley
Embora não seja apenas um filme de terror, trazendo elementos de drama, suspense e comédia, este filme independente capta a perversidade típica dos adolescentes quando confrontados ao mundo dos adultos. A produção reúne duas das mais talentosas atrizes jovens da atualidade: Anya Taylor-Joy e Olivia Cooke, mostrando de que são capazes para manterem seus privilégios de classe. Os confrontos entre os jovens ricos de Sunnyvale e os adolescentes marginalizados de Shadyside ecoam muito bem nesta história mais violenta do que aparenta a princípio.

 


4. A Morte Te Dá Parabéns (2017), de Christopher B. Landon
Esta comédia de terror satiriza os códigos americanos dos filmes de colégio: entre as meninas populares, os atletas mais cobiçados, os nerds e os moradores das fraternidades, existe um psicopata mascarado que mata a protagonista diversas vezes. Um looping temporal a obriga a voltar ao dia de sua morte, até descobrir como quebrar o feitiço. A mistura de magia e terror, dentro de uma aventura adolescente, lembra o estilo de Rua do Medo 1994, que também mergulha no universo das panelinhas dos colégios norte-americanos.

 


5. Natal Sangrento (2019), de Sophia Takal
Se Rua do Medo 1994 usa o terror entre adolescentes para falar sobre problemas sociais (a homofobia, a luta de classes, o preconceito racial, a violência pelas ruas e as falhas do sistema policial), o filme de Sophia Takal vai ainda mais longe ao mostrar um grupo de estudantes universitárias marcadas por um episódio de estupro. Elas denunciam os agressores impunes, passando a ser perseguidas por um assassino como represália pelo gesto. O resultado é um slasher adolescente empoderado e muito mais crítico do que a média das produções do gênero.

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Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.
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