O 31° Cine Ceará – Festival de Cinema Ibero-Americano começou no dia 27 de novembro e chega ao fim em 03 de dezembro, após a exibição de diversos longas e curtas de diferentes estados e países. Entre tantas sessões, a cerimônia de abertura trouxe também duas justas homenagens: ao cineasta Halder Gomes, responsável por sucessos como Cine Holliúdy (2012) e Os Parças (2017), e a atriz Marta Aurélia, presente em filmes como Milagre em Juazeiro (1999) e O Melhor Amigo (2013). Nós conversamos com os dois para saber mais como foi receber a notícia da entrega do Troféu Eusélio Oliveira.

 

Homenagem
Quando o Wolney Oliveira, diretor do festival, me ligou perguntando se aceitaria ser homenageada, achei que estivesse brincando e respondi que não”, revela, aos risos, Marta Aurélia. “Foi um misto de surpresa com tudo que passa pela cabeça da gente que nos deixa em dúvida, aquilo de ‘será que mereço?’, sabe?”, ela continua. Já Halder Gomes é mais direto: “Tenho uma relação afetiva com o Cine Ceará há muito tempo. Foi onde exibi o primeiro filme da minha carreira. Essa homenagem foi muito importante para mim”, assume sem meias palavras. E segue indo contra um velho ditado: “Há aquele paradigma de que ‘santo de casa não faz milagre’, e eu estou aqui pra mostrar que não é verdade. Eu me sinto privilegiado de ter um festival como esse na porta da minha casa. Nesse evento fiz grandes amigos e tive encontros que foram determinantes na minha formação enquanto cineasta”, reflete, dando espaço para Aurélia acrescentar: “a minha suspeita inicial logo abriu espaço a um sentimento muito forte de gratidão. A gente se sente fazendo parte de uma grande comunidade”.

Marta Aurélia e Halder Gomes, os homenageados do Cine Ceará 2021 / Foto Luiz Alves

Cinema
Marta Aurélia e Halder Gomes concordam que receber uma homenagem como essa é também momento para dar uma respirada mais funda e refletir sobre suas próprias carreiras. “O cinema é um universo imenso e muito diverso. Cada processo que participamos, desde o momento em que somos convidados para um filme, o trabalho se inicia, fazemos parte daquele todo. O nosso exercício, a atuação, é algo que não para nunca. Mais além do que a obra que resulta de todo esse movimento, são os processos que permanecem com a gente”, lembra a atriz. “É como um ponto de referência, pois serviu para me fazer olhar para trás e entender como a ciranda dessa indústria engole a gente e não nos deixa refletir de modo mais aprofundado sobre o que fica para a história. Sobre o que ficou e foi feito. Me fez pensar sobre tudo que já fiz e também a respeito do que planejo para daqui em diante”, discorre o diretor.

 

Cine Ceará
O Cine Ceará tem um papel muito importante para o cinema cearense. É uma vitrine junto às curadorias e também com a imprensa. É uma excelente oportunidade para novos realizadores, uma ocasião para interagir com o mercado. Cria ótimas situações para gente daqui exibir seus conteúdos, trocar relacionamentos e promover projetos. E é assim que um festival deve ser, como ponto de partida para alavancar novas ideias”, destaca Gomes. Já Aurélia assumiu um caráter mais pessoal para esse momento: “minha relação com o Cine Ceará vem de muito antes. Já foi como jornalista, cerimonialista, como apresentadora, como assessora de imprensa. Sempre tive uma proximidade muito grande. E vejo com alegria como o evento tem crescido ao longo dos anos, se mostrado uma excelente oportunidade para quem produz e faz seus filmes. Tenho bons olhos para o Cine Ceará”.

 

Mulher
Marta Aurélia entrou para a lista de grandes atrizes que já receberam o Troféu Eusélio Oliveira, como Gloria Pires, Lília Cabral e a saudosa Nicette Bruno. Ela reconhece essa importância: “As mulheres estão cada vez mais chegando em todas as funções dentro de um set de cinema. O lugar que ocupo, enquanto atriz, me enche de alegria. Fico na expectativa, agora, para que nas próximas edições outras pessoas do cinema cearense sejam homenageadas no Cine Ceará. Precisamos do reconhecimento primeiro em casa. Afinal, é onde as coisas começam a acontecer. Ter aberto essa janela para nós foi muito importante. O cinema feito no Ceará está incrível, cada vez mais se tornando referência, alcançando reconhecimentos por todo o Brasil e no exterior. E estar recebendo esse carinho em vida, é ainda mais especial (risos)”, aponta.

Halder Gomes e Marta Aurélia no Cineteatro São Luiz / Foto Luiz Alves / Cine Ceará 2021

Público
O Cine Ceará é o evento que todo mundo quer ir”, afirma Halder Gomes. “Então, nesse momento de retomada também do contato com o público, dos festivais com os cearenses, torna o convite para que a gente fizesse parte disso ainda mais importante. Havia uma expectativa muito grande para a retomada dessa relação. De voltar a se deparar com o nosso cinema, com a plateia, com o filme na tela e o espectador na sala de cinema. Fazer parte desse movimento como homenagem, pra mim, está sendo um presente marcante na minha carreira”, conclui o cineasta.

O Papo de Cinema está em Fortaleza a convite do 31º Cine Ceará

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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