A noite de abertura da 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes foi marcada pela emoção. Antes mesmo que o público entrasse nas dependências da sala de exibições, o Cine Tenda, principal palco do evento, já efervescia de encontros, arte e descontração. Uma apresentação musical da Banda Ramalho recepcionou o público ávido por conferir as atrações da noite, especialmente as homenagens às carreiras de André Novais Oliveira e Barbara Colen, mineiros escolhidos para receberem as atenções principais dessa jornada inaugural do evento. Com quase uma hora de atraso, algo até compreensível em se tratando de uma abertura com presenças de autoridades e certamente impactada em alguma medida pelas chuvas que caíram durante toda esta sexta-feira, 19, na região, a cerimônia começou com os agradecimentos e as apresentações de praxe, incluindo um discurso emocionado da sócia-diretora da Universo Produção, Raquel Hallak, empresa que há quase 30 anos organiza a Mostra de Cinema de Tiradentes. Depois foi a vez do revezamento no palco de membros da equipe e autoridades presentes, entre elas a secretária do Audiovisual, Joelma Gonzaga que, além de declarar oficialmente aberto o calendário de festivais no Brasil em 2024, fez questão de saudar os homenageados, citando como suas carreiras são importantes e dignas de tal láurea.
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Na sequência foi a vez da performance audiovisual protagonizada por Augusto Rennó, João Viana, Lais Lacôrte, Lira Ribas, Marcus Viana e Robert Frank, uma mistura de canções e imagens que, em geral, remetia ao tema da 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes: As Formas do Tempo. Um prenúncio muito interessante para o ponto alto da noite, a homenagem a André Novais Oliveira e Barbara Colen. Ambos subiram ao palco cercados de familiares e amigos queridos, o que deu um tom emocionante aos discursos. Barbara foi às lágrimas ao lembrar de pessoas próximas que já se foram mas que, segundo ela, foram imprescindíveis à sua trajetória, saudando também seu companheiro e parentes que estavam ali para prestigiá-la. Bem mais tímido, André leu o seu discurso, não menos tocante, a respeito de uma trajetória felizmente já reconhecida por público e crítica, agradecendo aos presentes, aos orixás e a todo o público que lotou o Cine Tenda.
Para encerrar a noite, foram exibidos Roubar um Plano (2024), de André Novais Oliveira e Lincoln Péricles, e Quando Aqui (2024), de André Novais Oliveira. Roubar um Plano mostra as perambulações de dois homens, interpretados por Renato Novaes e Adriano Araújo, depois de largar uma obra pela metade. Um deles deseja juntar dinheiro para voltar a Contagem, em Minas Gerais, e o outro o ajuda nessa empreitada, numa jornada pelo cotidiano da periferia de São Paulo. Um filme bonito e simples a respeito da importância de gestos e atitudes que parecem desimportantes pela banalidade. Na sequência foi a vez de Quando Aqui, média-metragem muito inventivo, feito em tempo recorde com o apoio da prefeitura de Contagem, que permite uma reflexão, por meio da sobreposição de imagens em movimento e fotografias estáticas, a respeito das camadas temporais que constituem um espaço. Vemos uma mesma casa, a residência dos pais de André, transfigurada numa cápsula do tempo que comporta a intromissão visual do passado e a especulação sobre o futuro, com isso resultando numa experiência tocante ainda mais indicativa da excelência de André Novais Oliveira como criador audiovisual e artista que parte da sua aldeia, ou seja, da família, da cidade, enfim, dos microcosmos, para ponderar a respeito de temas universais.
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