TONY TORNADO (1930-)

O grande homenageado do 28o Prêmio Guarani do Cinema Brasileiro é uma verdadeira instituição do nosso cenário cultural que, infelizmente, poucas vezes, durante uma das mais longevas carreiras já vistas no país, foi reconhecido à altura dos seus feitos. Antônio Viana Gomes, ou apenas TONY TORNADO, como se tornou popular por todo o Brasil, estreou no cinema no início dos anos 1970, há mais de cinco décadas, com a comédia Tô na Tua, Ô Bicho (1971), de Raul Araújo, ao lado de nomes como Costinha, Agildo Ribeiro e Nair Bello. Grande fenômeno de bilheteria na época, incluía em sua trilha sonora a canção “Breve Loteria”, interpretada por ninguém menos do que Toni (sim, na época ainda assinava com I no final) Tornado! Sua presença em cena era discreta, mas a voz marcante conquistou fãs de norte a sul e o consagrou como cantor.

Isso porque, até então, Tornado estava acostumado a se apresentar nos palcos diante dos microfones, mas sob outros pseudônimos, como Tony Checker ou Johnny Bradfort. Em 1970, por exemplo, chegou a ganhar o Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro, com a clássica BR-3. Nos anos seguintes, seguiria se dividindo entre participações esporádicas no cinema e na televisão e shows que lotavam estádios e auditórios. Foi somente em Tenda dos Prazeres (também conhecido como Ouro Sangrento), de 1977, que apareceu pela primeira vez como protagonista. O thriller sexual dirigido por César Ladeira Filho o colocou ao lado de Grande Otelo, José Lewgoy, João Acaiabe e Zezé Motta, e lhe abriu novas portas. Em seguida viria A Praia do Pecado (1978), de Roberto Mauro e com roteiro de Carlos Reichenbach, e o título que o tiraria de condição de celebridade para ser visto de forma mais séria como intérprete: Pixote: A Lei do Mais Fraco (1980), de Hector Babenco.

O impacto deste filme o levaria a outros projetos de respeito, como Quilombo (1984), de Cacá Diegues, e Os Trapalhões e o Mágico de Oróz (1984), ao lado da trupe de comediantes mais famosa do Brasil na época. Durante os anos 1980 e 1990 foi presença constante em novelas e seriados, voltando à tela grande apenas em ocasiões especiais, como em A Grande Arte (1991), longa de estreia de Walter Salles, ou Vai Trabalhar, Vagabundo 2: A Volta (1991), sequência do clássico dirigida por Hugo Carvana.

O cinema voltou a lhe dar atenção somente com a virada do século. Em Redentor (2004), grande vencedor do 10o Prêmio Guarani, interpretou o assustador Tonelada. A comédia A Noite da Virada (2014) o apresentou para uma nova geração, assim como nos populares Os Farofeiros (2018) e Juntos e Enrolados (2022). Seguiu alternando estilos, como no policial O Nome da Morte (2017), o sensível Helen (2020), no qual faz uma sensível dobradinha com Marcélia Cartaxo, e o suspense Sujeito Oculto (2022). E mesmo já tendo passado dos 90 anos de idade, segue na ativa: em 2022 recebeu a primeira homenagem de sua carreira, no Fest Aruanda, na Paraíba, e para 2024 tem agendada a nova temporada da série Encantado’s (2022-) e o curta Bizarro, de Luciano DeSilva. Um mestre que ainda tem muito a oferecer à arte brasileira, merecidamente lembrado pela Academia Guarani de Cinema! Tony Tornado é o nono artista a ser agraciado com o Guarani Honorário, após Tônia Carrero (2015), Ruth de Souza (2016), Paulo José (2017), Antonio Pitanga (2018), Helena Ignez (2019), Leonardo Villar (2020), Laura Cardoso (2021) e Lima Duarte (2022).