Crítica
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Sinopse
Entrevistas e imagens investigam a lenda Vinícius de Moraes. O poeta, o escritor, o crítico, o diplomata, o compositor e o cantor tem sua vida relembrada através do olhar de Miguel Faria Jr.
Crítica
Vinícius é um documentário que não se contenta em ser apenas isso, um “documento”, e por isso faz uso de artifícios para fugir dessa imagem. Apresenta-se como um “docudrama”, ou seja, um relato documental disfarçado de ficção. A desculpa para tanto é um pocket show estrelado pelos atores Camila Morgado e Ricardo Blat, no qual narram poemas e relatam passagens do poeta, cantor, compositor e diplomata Vinícius de Moraes. Intercalando estes momentos, temos apresentações musicais de nomes como Adriana Calcanhoto e Zeca Pagodinho, que relembram algumas das criações inesquecíveis do autor de Garota de Ipanema, além dos depoimentos de personalidades (Chico Buarque, Caetano Veloso, Tônia Carrero) que conviveram com o biografado e aproveitam para desfilar suas lembranças, entre revelações curiosas, episódios engraçados e sinceras confissões.
Se pela iniciativa e pelo conjunto de nomes respeitáveis que apresenta Vinícius justifica o interesse despertado, felizmente o filme vai além. É uma obra livre de gêneros e rótulos, que se satisfaz em si só e possui valor inestimável. Vinícius de Moraes criou, em vida, mais de 400 canções, repetindo o mesmo número em quantidade de poemas escritos. Ou seja, uma produção, no mínimo, impressionante. Figura única no cenário cultural brasileiro durante o século passado, toda e qualquer iniciativa que buscar resgatar esta memória e lhe fazer jus aos seus méritos para construção de nossa identidade artística merece reconhecimento. E esta incumbência o longa do diretor – e ex-cunhado de Vinícius – Miguel Faria Jr. atinge à contento.
Se há algum problema em Vinícius é o pouco distanciamento entre autor e obra. Ou seja, os envolvidos na realização do filme são próximos demais do foco apresentado, e esta condição resulta em algumas situações delicadas. Por exemplo: certos depoimentos obviamente deveriam ser mais curtos, já que há histórias que, ainda que curiosas, não são pertinentes num conjunto maior. A extensa duração do projeto, que se alonga por mais de duas horas, comprova este fato. Outro fato é o viés crítico: ninguém ali aponta falhas, discordâncias ou controvérsias na carreira e na obra do homenageado. Muito pelo contrário, estão ali apenas para reverenciá-lo – como se isso fosse necessário! Aqueles interessados em descobrir mais, saber o que poucos conhecem e ser confrontado com ideias opostas que estimulem a reflexão ficarão apenas na promessa.
Mais do que necessário, Vinícius é essencial para qualquer um que deseje ter alguma noção mais ampla a respeito de uma das maiores personalidades culturais do século XX. Emocionante nos momentos certos e correto em sua abordagem, contenta-se com o óbvio, sem se aprofundar em nada que possa gerar polêmica ou discordância. Dessa forma, do jeito que se apresenta é impossível não lamentar algumas escolhas que, se não prejudicam, ao menos atrapalham o melhor aproveitamento do contexto geral. Ou seja, poderia ser mais, mesmo já tendo o bastante para apresentar a quem pouco conhece o poetinha. Aos demais, cabe o prazer de se deparar com uma obra universal e inesquecível, envolta em um formato digno de sincero reconhecimento.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 7 |
Francisco Carbone | 7 |
MÉDIA | 7 |
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