Jurassic World: Recomeço

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Sinopse

Em Jurassic World: Recomeço, a especialista em operações secretas Zora Bennett lidera uma missão para coletar material genético de dinossauros em uma ilha perigosa. O local, outrora um centro de pesquisas do Jurassic Park, abriga espécies agressivas deixadas para trás, incluindo três colossais criaturas cujo DNA contém uma substância de valor inestimável. Aventura/Ficção Científica.

Crítica

Talvez a maior ousadia desse sétimo capítulo da franquia iniciada há mais de três décadas por Steven Spielberg seja, de fato, o seu título: afinal, o que estaria… recomeçando? Pois o argumento da trama continua exatamente o mesmo de todos os episódios anteriores: homens, mulheres e crianças despreparados fugindo de criaturas pré-históricas revividas milênios após suas supostas extinções. E tudo isso motivado por interesses financeiros, perspicácia da natureza e prepotência humana. Em Jurassic World: Recomeço, nem mesmo a proposta de um outro tipo de abordagem, ou mesmo caminhos paralelos aos que já foram exibidos, chegam a ser percorridos. E se por um lado as cenas de tensão e perigo realmente envolvem e alcançam a emoção desejada, por outro há tantas concessões em cena que o que se tem está mais próximo de uma fórmula concebida por um algoritmo qualquer do que de uma aventura digna do seu ingresso. É mais do mesmo, com um ou outro ponto fora da curva. Pouco para se apresentar mediante tamanha pretensão.

Se em Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros (2015) ainda havia a presença discreta de BD Wong como o Doutor Wu, retomando o mesmo personagem visto antes de Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros (1993), Recomeço propõe um rompimento maior com os elencos já familiarizados com esse universo. Mas não se trata de uma história à parte – o enredo segue inserido no mesmo ambiente. As ligações são frágeis, é fato, mas estão presentes, seja no nome da companhia que antes chegou a explorar as possibilidades genéticas destes monstruosos animais, ou mesmo pela citação do doutor Alan Grant (personagem de Sam Neill visto em três dos seis longas prévios). Ele é mencionado como um mentor do doutor Henry Loomis (Jonathan Bailey, um dos ‘it boys’ do momento, ao lado de Pedro Pascal), que é levado pelo empresário Martin Krebs (Rupert Friend, que não consegue disfarçar a pose de vilão, assim como qualquer outro milionário visto nessa série) em uma expedição a uma ilha distante, localizada na zona do Equador, onde os dinossauros ainda vivos meio que se refugiaram e seguem soltos em meio às matas, ares e mares.

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Passaram-se anos desde o fim dos parques temáticos que visavam lucrar com a exibição dos dinossauros e aproximá-los de plateias modernas. Na realidade de Jurassic World: Recomeço, estes animais não só deixaram de ser novidades, como se tornaram um incômodo: ninguém mais sabe o que fazer com eles. Loomis, no entanto, é um dos poucos que seguem pesquisando a respeito, e a companhia de Krebs acredita ser capaz de dar início a uma revolução farmacêutica a partir de determinados códigos genéticos. Para tanto, se faz necessário recolher amostras do DNA de três espécies em particular. E detalhe: os bichos precisam estar vivos. Por isso a missão se mostra tão arriscada. Com os dois seguem também uma mercenária altamente recomendada (Scarlett Johansson em papel feito sob medida para Michelle Rodriguez ou Hilary Swank), um capitão experiente (Mahershala Ali, que pelo jeito não tem muito o que fazer com os dois Oscars que deve ostentar em sua sala de visitas) e um matador profissional (Ed Skrein, com a mesma cara de psicopata de sempre). Ou seja, cada um dentro do estereótipo que melhor lhe convém.

Porém, como as audiências atuais são compostas basicamente por adolescentes, e o público latino é um dos que mais cresce em todo o mundo, o roteirista David Koepp (que estava afastado da saga desde O Mundo Perdido: Jurassic Park, 1997) trata de inserir, sem muito cuidado, uma família que em nenhum momento chega a explicar o que fazia em zona tão perigosa. Os Delgados são formados pelo pai (Manuel Garcia-Rulfo, de Pedro Páramo, 2024), duas filhas e o namorado da mais velha. Já a pequena, sempre com uma mochila nas costas e dada a falar com os pequenos animaizinhos que encontra pelo caminho, é quase uma versão de Dora, a aventureira. E esse é um bom resumo de Jurassic World: Recomeço, que por vezes se apresenta como Dora na Ilha dos Dinossauros (ou quase isso). Entre citações ao clássico Tubarão (1975) e recriações de bons momentos já vistos neste mesmo cenário, o diretor Gareth Edwards abusa da boa vontade ao exibir um dinossauro híbrido que mais se assemelha ao lagartão visto no seu Godzilla (2014) e menos a uma ameaça realmente capaz de provocar algum espanto. Ou seja, mais uma oportunidade perdida, que até entretém enquanto dura, mas da qual se esquece de forma quase instantânea assim que acaba.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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