Crítica
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Sinopse
Bruno Stein vive com sua família em um local isolado. Verônica, sua neta, sonha em ir embora dali. Valéria, sua nora, tenta se conformar com a solidão, já que o marido é caminhoneiro e passa semanas fora. Já Bruno chegou ao Brasil após a 2ª Guerra Mundial e agora sente que está no fim de sua vida. Ele tenta se envolver com o trabalho, mas nada mais o motivo. Até que a chegada de Gabriel, um novo empregado, faz com que ele recupere a alegria em viver.
Crítica
Uma das produções mais aguardadas na mostra competitiva do Festival de Cinema de Gramado de 2007 era o longa gaúcho Valsa para Bruno Stein. E os motivos para isso eram vários. Na direção está Paulo Nascimento, o mesmo de Diário de um Novo Mundo, premiado com vários kikitos em 2005, inclusive o de Melhor Filme segundo o Júri Popular. Outro ponto de interesse era o elenco, encabeçado pelo veterano Walmor Chagas (ator nascido no Rio Grande do Sul, porém de expressão nacional). E por fim trata-se de uma adaptação de um elogiado romance de Charles Kiefer, autor conhecido por sua habilidade literária. E tudo isso garantiu uma obra à altura? Infelizmente, neste caso a soma dos fatores se revelou inferior aos valores individuais aqui agregados.
Valsa para Bruno Stein tem como protagonista, como já adianta o título, o próprio Bruno Stein (Chagas), um senhor aposentado que vive num sítio afastado de tudo e de todos, tendo apenas a mulher como companhia. A história começa com duas chegadas: a da nora (com as netas) para o período das férias, e a de um desconhecido em busca de emprego. Os dois irão despertar naquele homem maltratado pelo tempo instintos e emoções diferentes: ela irá acender nele desejo e culpa, enquanto que o rapaz irá relembrá-lo da sagacidade e da rebeldia da juventude.
Nascimento é um profissional competente, hábil em grandes espetáculos e em pequenos dramas. Aqui, no entanto, aparenta ter ficado receoso de interferir em tantos talentos disponíveis – há ainda a bela fotografia de Roberto Laguna, a detalhista direção de arte de Voltaire Danckwardt e a preciosa presença da saudosa atriz Carmen Silva, em seu último trabalho nas telas. E, sem se envolver o suficiente, o que temos é algo imensamente bonito, porém pouco envolvente. E isso, numa história de amores renovados e pecados à flor da pele, é uma falha bastante grave. E sem falar da jovem Fernanda Moro, uma presença equivocada num dos papéis mais importantes da trama (a neta / filha revoltada). Por pouco não coloca tudo a perder!
Mas nem tudo chega a ser percalço em Valsa para Bruno Stein. Se por um lado Chagas é uma força da natureza, adequando-se perfeitamente ao esperado, a surpresa está mesmo com a baiana Ingra Liberato, justamente premiada com o kikito de Melhor Atriz. Ela está discreta na medida certa, revelando suas dúvidas e intenções em momentos certos e precisos. Outros membros do elenco, como Marcos Verza, Araci Esteves, Leonardo Machado e Sirmar Antunes também apresentam trabalhos de destaque.
É bom ver um filme feito no Brasil – além da mera questão bairrista – que trata de assuntos íntimos e universais. O amor que surge sem pedir licença, o respeito pelo trabalho, a justiça entre iguais, o desejo tomando conta da razão. Tudo isto está em Valsa para Bruno Stein, um produto repleto de boas intenções, mas que termina por ficar no meio do caminho devido a alguns pequenos deslizes difíceis de serem ignorados.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 6 |
Edu Fernandes | 6 |
MÉDIA | 3 |
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