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Sinopse

Billy, Paddy, Archie e Sam são amigos desde a infância. Billy, o solteirão compromissado do grupo, finalmente pede em casamento sua namorada de trinta e poucos anos e os quatro vão a Las Vegas com planos de parar de agir como velhos e reviver seus dias de glória. No entanto, ao chegar, os quatro rapidamente percebem que as décadas tem transformado a Cidade do Pecado e testado suas amizades de várias formas que nunca imaginaram.

Crítica

Muito se falou sobre a reunião de quatro vencedores do Oscar à frente de Última Viagem a Vegas, porém a mídia deixou escapar o fato de termos uma quinta premiada na maior festa do cinema mundial no elenco. E se Michael Douglas, Robert De Niro, Morgan Freeman e Kevin Kline como protagonistas de um mesmo filme já é uma deliciosa surpresa, ainda melhor é vê-los disputando a atenção de uma veterana como Mary Steenburgen, ao invés de uma ninfeta qualquer facilmente esquecível. Ou seja, a trama conduzida de mão frouxa por um cineasta notoriamente mediano como Jon Turteltaub até pode deixar a desejar em certos aspectos mais rígidos, mas compensa justamente a quem entender a proposta em questão: diversão passageira de e para adultos.

Com um orçamento de US$ 28 milhões – relativamente baixo para qualquer um dos envolvidos – Última Viagem a Vegas faturou três vezes esse valor nas bilheterias ao se vender como uma versão madura de Se Beber Não Case (2009). No entanto, apesar de ambos serem comédias e beberem da mesma fórmula – aquela que identifica a paradisíaca Las Vegas como uma cidade da jogatina e da perdição incontrolável – aqui temos algo mais ‘família’, com exageros sob medida e propostas universais. Talvez por isso não tenha arrecadado tanto – afinal, não há nada absurdo em cena – mas ao mesmo tempo diverte sem maiores pretensões. Turteltaub sabe que seu trabalho é apenas não atrapalhar. Afinal, com o time que tem em cena, sua única função era sair da frente e permitir de cada um dos cinco astros fizessem o seu melhor.

Paddy (De Niro), Archie (Freeman), Sam (Kline) e Billy (Douglas) são amigos de infância, e cinquenta e oito anos depois seguem em contato. Os três primeiros são convocados pelo último para irem a Las Vegas para sua despedida de solteiro, pois finalmente decidiu se casar com a noiva – que possui metade da sua idade. Se Archie – com problemas no coração e constantemente vigiado pelo único filho – e Sam – cansado da Flórida e dos programas aborrecidos com a esposa – aceitam a ideia na hora, com Paddy não será tão fácil. Afinal, ele ainda está ressentido pelo amigo não ter estado presente no funeral de sua esposa, um ano antes. Ainda mais tendo sido ela amiga de todos.

Entre mentiras brancas e confusões de última hora, é previsível que os quatro acabarão juntos mais uma vez, tanto para se divertirem – e alegrarem a plateia com suas aventuras – como também para acertarem as contas entre si. E muitas das novas confusões se darão a partir da entrada em cena da cantora Diana (Steenburgen), ela também desiludida no amor e pronta para uma nova chance. Quando Paddy e Billy percebem estarem ambos atraídos por ela, segredos do passado virão à tona. Mas as decisões de agora não poderão mais ser as mesmas de tantos anos atrás.

Michael Douglas (melhor ator por Wall Street: Poder e Cobiça, 1987) e Robert De Niro (melhor ator coadjuvante por O Poderoso Chefão 2, 1974, e melhor ator por Touro Indomável, 1981), respondem pelos momentos mais dramáticos, e mesmo quando a tensão se faz presente fica claro o entendimento de anos que os une. Morgan Freeman (melhor ator coadjuvante por Menina de Ouro, 2004) e Kevin Kline (melhor ator coadjuvante por Um Peixe Chamado Wanda, 1988) aparecem mais como alívios cômicos, e entregam exatamente o que lhes é exigido, tão pouco que tiram de letra. Mary Steenburgen (melhor atriz coadjuvante por Melvin & Howard, 1980) está luminosa, e completa uma química uniforme entre todos. Assistir a Última Viagem a Vegas é desfrutar de cinco amigos em um momento luminoso, vivendo um prazer tão leve e contagiante que se espalha pelos dois lados da tela. Qualquer exigência além disso, no entanto, será tão despropositada quanto inútil.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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