Sinopse
Os trolls precisa fugir quando monstros infelizes descobrem que apenas mudarão suas condições ao se alimentarem deles. A princesa Poppy, na companhia de amigos, precisa resgatar alguns trolls que já foram capturados.
Crítica
Se 2016 não tem sido um dos melhores anos para a Animação em Hollywood, tal constatação se refere única e exclusivamente a uma crise criativa que o gênero possa estar enfrentando, com produções repetitivas, por demais infantis e sem ousar com novos conceitos ou personagens. Longas como Procurando Dory (2016), Kung Fu Panda 3 (2016), Angry Birds: O Filme (2016) e A Era do Gelo: O Big Bang (2016) apenas repetem fórmulas já conhecidas e desgastadas. O público, por outro lado, parece não se importar, pois segue comparecendo em peso aos cinemas a cada novo lançamento. Como se observou com Trolls, mais um título baseado em um brinquedo familiar das crianças – ou seja, uma fórmula de “sucesso garantido” – que, a despeito de uma trama bastante simples, já arrecadou quase US$ 300 milhões nas bilheterias mundiais em menos de um mês em cartaz. O que mostra que apostas seguras podem, enfim, matar de vez com a originalidade na meca do cinema mundial.
No mundo mágico dos Trolls, essas pequenas criaturas encantadas vivem sem maiores preocupações ou responsabilidades em uma árvore que lhes oferece tudo que precisam: comida, abrigo e diversão. Os problemas começam quando os Bergen – monstros grandões, feios e cinzentos – não apenas descobrem a existência deles, mas também que, ao ingeri-los – exatamente, num ato explícito de assassinato – eles conseguem, enfim, ter acesso a uma sensação indescritível de felicidade. Convencidos de que essa é a única maneira de se sentirem realizados, os gigantes os aprisionam, liberando-os apenas um dia no ano – o feriado conhecido como ‘Trollstício” – para que sejam caçados e devorados. Como se pode imaginar, esta data é igualmente muito esperada por ambos os lados: com ansiedade por uns, e com grande temor pelos outros.
Mas os Trolls não são tão bobos quanto se poderia imaginar num primeiro momento. Assim, graças ao sábio rei, são liderados em uma fuga espetacular, indo todos parar no meio de uma floresta, longe dos perigos da vila dos Bergen. Assim, começam uma nova era de suas existências, novamente sem medos nem deveres. Ou seria quase isso, caso não fosse a presença do monocromático Tronco (voz original de Justin Timberlake e de Hugo Bonemer na versão em português), um ranzinza que vive constantemente atento à possibilidade de ser capturado e engolido por algum Bergen à espreita. Polly (Anna Kendrick, nos Estados Unidos, e Jullie, no Brasil), a princesa dos Trolls, no entanto, pensa diferente: ela só quer aproveitar qualquer momento possível para festejar até cansar, curtindo o hoje, sem interesse com o amanhã.
Qualquer espectador mais atento já deve ter feito, a este ponto, relação com a fábula da Cigarra e da Formiga. As referências presentes em Trolls, porém, são um pouco mais amplas. Isso porque a assustadora Chef de cozinha, ministra dos Bergen e responsável pelo banquete no qual os pequenos duendes coloridos seriam devorados, foi banida desde o sumiço deles, e está disposta a tudo para reaver sua importância de outrora. Temos, portanto, uma bruxa má, pequenos anões, uma bela e folgada e um ranzinza responsável. Além deles, há ainda um príncipe em busca de um amor de verdade (ainda que nem ele próprio saiba disso no começo da trama) e uma gata borralheira que precisará deixar de lado os trapos que veste para encontrar sua beleza natural.
Com tantos elementos em cena, difícil não resultar em uma grande confusão. Trolls, por outro lado, evita isso simplesmente por seguir um outro caminho: desvia-se de qualquer possibilidade maior de se aprofundar nos dramas expostos, substituindo toda iniciativa nessa direção por... uma música! Mais do que um musical, tem-se aqui um longa e multicolorido videoclipe, em que cada argumento abordado logo vira motivo para uma nova canção. Isso até gera momentos divertidos e visualmente empolgantes, além de fazer bom uso dos talentos de Justin Timberlake, mas no conjunto chega a ser um pouco cansativo, simplesmente por não ir além disso. Como resultado, tem-se um passatempo um pouco assustador, dinâmico na medida certa para não causar traumas e envolvente sem maiores consequências. Mas, ao mesmo tempo, deixa de lado as oportunidades de ir além da superfície, terminando por ser bonito aos olhos e aos ouvidos, mas irrelevante para qualquer outro sentido.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 6 |
Edu Fernandes | 6 |
Chico Fireman | 5 |
MÉDIA | 5.7 |
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