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Sinopse

Woody, um cowboy das antigas, é o boneco favorito de Andy, até que o garoto é presenteado com Buzz Lightyear, o herói do espaço, que passa a tomar conta do quarto de brincar. A rivalidade entre os dois bonecos acaba levando-os a enfrentar Sid, um garoto que mora ao lado e adora torturar brinquedos. Woody e Buzz terão que trabalhar juntos para escapar dessa ameaça, e no meio do caminho acabam percebendo que são verdadeiros amigos.

Crítica

Em 1995, uma revolução na arte da animação chegava aos cinemas. Uma novidade que mudaria definitivamente a maneira de se pensar produções com apelo infantil: Toy Story, primeiro longa-metragem concebido inteiramente em computadores. Os méritos do filme dirigido por John Lasseter são muitos. Além de ser um belíssimo trabalho (estreia da parceria entre Disney e Pixar), com roteiro bem arquitetado, personagens carismáticos e aventura na medida certa, abriu portas para várias outras boas produções. Se não fossem Woody e Buzz, talvez não víssemos (do modo como chegaram aos nossos olhos, pelo menos) Formiguinhaz (1998), Shrek (2001), Procurando Nemo (2003) e Ratatouille (2007), entre tantos outros.

Na trama, assinada por Joss Whedon, Andrew Stanton, Joel Cohen e Alec Sokolow em cima de idéia original dos quatro grandes da Pixar (John Lasseter, Pete Docter, Joe Ranft e o próprio Stanton), Toy Story leva o espectador a um mundo de imaginação no qual os brinquedos ganham vida quando os humanos não estão por perto. Nesse universo vive Woody (voz original de Tom Hanks), um boneco cowboy que é o preferido de seu dono, Andy (John Morris). No dia do aniversário do garoto, um brinquedo novo acaba ameaçando a paz de Woody. Ele é Buzz Lightyear (Tim Allen), um boneco astronauta que não tem ciência de que é apenas um brinquedo. Não demora muito para que Buzz se torne o predileto nas brincadeiras de Andy, o que deixa Woody morrendo de inveja. Esse ciúme irracional fará com que o cowboy aja de forma impensada, levando os dois brinquedos para fora do quarto de Andy e à mercê dos perigos do mundo. Agora, eles devem unir forças para retornar ao seu dono.

Além do visual impressionante para a época, o que mais chama a atenção em Toy Story é a sua trama. Criativa e com personagens profundos, a animação tem uma história que consegue agradar em cheio as crianças e ainda interessar aos adultos. Aliás, isso é uma característica da grande maioria das animações dos últimos anos. Essa preocupação com o público não infantil acabou elevando o desafio para os roteiristas e transformou as histórias em um programa para toda a família. O longa dirigido por John Lasseter é um dos pioneiros neste quesito.

Woody, por exemplo, é retratado como um bom brinquedo e ótimo líder para seus amigos, responsável e atencioso. No entanto, ao perder seu lugar de destaque na vida de Andy, o cowboy revela uma sensação que lhe era desconhecida: a inveja. Que protagonista de animações, até então, possuía sentimentos tão mundanos quanto ciúme e inveja? Por conseguir quebrar os preceitos básicos do chamado “filme para crianças”, a Pixar acerta em cheio. O fato de Woody ter estes defeitos não é menos pedagógico para os pequenos. Eles acabam entendendo que nutrir este tipo de sentimento acaba não levando a nada. E tudo isso é compreendido sem apelar para lições de moral caretas ou óbvias.

Se o espectador não quiser olhar de forma mais profunda para Toy Story, pode se divertir com algumas ótimas cenas de ação, arquitetadas com perfeição pelos animadores da Pixar. Destaco a perseguição ao caminhão de mudança, no clímax do filme, que é praticamente uma montanha russa, cheia de perigos e emoção. O elenco de vozes também merece elogios, com destaques para Tom Hanks, Tim Allen e Wallace Shaw – que dá voz ao dinossauro medroso Rex.

Outra boa nova neste trabalho é a utilização de músicas não-diegéticas – ou seja, não cantadas pelos personagens. Elas ajudam a contar a história, mas não fazem com que a narrativa pare para que algum brinquedo entoe uma canção. Depois de Toy Story, muitas animações da Disney começaram a adotar este formato musical em suas tramas – com Tarzan (1999) sendo um bom exemplo da boa utilização desse recurso.

Quanto ao 3D, disponível desde o relançamento do filme nos cinemas em 2010 e, agora, em blu-ray, não faz uma diferença gritante no fim das contas. Toy Story, na verdade, sempre foi em três dimensões. O espectador só não tinha como assisti-lo dessa forma. Primeira parte de uma trilogia imperdível, está quase chegando ao seu aniversário de 20 anos ainda em grande forma. Assim como não se esquece dos brinquedos preferidos da infância, esta produção da Pixar ficará para sempre na memória dos espectadores.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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