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Sinopse

Desta vez, Woody tenta salvar um brinquedo que acaba indo parar num bazar de usados e termina por ser sequestrado por um colecionador de brinquedos, que pretende vendê-lo a um museu japonês. Enquanto isso, os demais brinquedos, liderador por Buzz Lightyear, partem numa atrapalhada operação de resgate.

Crítica

É fato. As crianças crescem e nada é possível fazer para evitar. E com esse crescimento, coisas importantes, como as brincadeiras de infância, ficam para trás, assim como seus velhos companheiros: os brinquedos. Esse é o medo do cowboy Woody e o fio condutor do ótimo Toy Story 2, seqüência do sucesso de 1995, que assim como seu antecessor ganhou nova vida nos cinemas em 3D, em 2010.

Tudo é melhor neste segundo filme. A trama é mais consistente e dá espaço para que todos os personagens brilhem. Após ser raptado em uma venda de produtos usados, Woody (novamente com a voz original de Tom Hanks) descobre que é uma peça valiosa de colecionador. Ele e mais três brinquedos "cowboys" serão vendidos para o Japão, isso se o boneco aceitar embarcar nessa viagem sem volta. Enquanto isso, Buzz Lightyear (Tim Allen) e os demais brinquedos de Andy (John Morris) resolvem fazer uma busca desesperada por seu amigo desaparecido, botando o pé na rua e causando grande confusão.

Dirigido novamente por John Lasseter (com Lee Unkrich na co-direção), Toy Story 2 é divertimento puro. Cada nova situação apresentada aos personagens desencadeia outras, fazendo com que a narrativa sempre esteja em alta rotação. Méritos do roteiro assinado por Andrew Stanton, Rita Hsiao, Doug Chamberlin e Chris Webb, baseados em história de Lasseter, Stanton, Pete Docter e Ash Brannon. Ótimas tiradas foram incluídas no script dessa aventura e referências bem sacadas a longas-metragens conhecidos foram colocados na trama (como a inspiradíssima cena do dinossauro Rex correndo atrás do carro dos outros brinquedos, uma brincadeira com Jurassic Park, 1993). 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968) e Star Wars: Episódio IV - Uma Nova Esperança (1977) são outras produções citadas durante a trama.

Depois de terem trabalhado com o ciúme e a inveja no primeiro filme, a mensagem desta sequência se apega mais à força da amizade e ao fato de que o tempo costuma passar rápido demais. Os brinquedos têm um período muito curto para serem amados pelas crianças e, entendendo isso, Woody sucumbe à idéia de que talvez seja melhor ser vendido para o Japão, onde poderia durar para sempre, exibido em um museu. Novamente os personagens apresentam uma profundidade e um senso de integridade tão destacados que fica difícil não se envolver com sua trajetória. Lasseter e seus parceiros da Pixar sempre tiveram esse cuidado de dar vida aos personagens. Isso pode ser observado em qualquer uma das tantas produções assinadas pelo estúdio e não é diferente em Toy Story 2.

O que também impressiona é o seu apuro visual. Quatro anos separam o primeiro do segundo longa-metragem e a qualidade gráfica é altamente superior. Os humanos são mais bem acabados, os brinquedos têm detalhes que anteriormente seriam inconcebíveis, os cenários são mais ricos. Enfim, o acabamento de Toy Story 2 deixa seu antecessor a anos luz de distância. O mesmo pode ser dito de Toy Story 3 (2010), realizado quinze anos depois do original.

Outro fator interessante nesta sequência é a inversão da máxima cinematográfica de que continuações são, via de regra, inferiores aos filmes originais. Em live action, isso ainda procede na maioria dos casos. Mas as animações vieram provar que o contrário também pode ser verdadeiro. Toy Story 2 é um grande exemplo disso. E o que dizer da terceira parte, ainda mais emocionante? Impecável, como poucas trilogias.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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