Crítica


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Sinopse

Toro é atormentado pelas lembranças de suas atividades criminais. Depois de solto da cadeia, o ex-policial vira motorista de táxi. Mesmo tentando se regenerar, encontra dificuldades para enterrar o passado.

Crítica

Depois de ambientar o início da chamada Trilogia da Realidade em um hospital, no filme Insubordinados (2014), o diretor Edu Felistoque volta seu olhar para as ruas de São Paulo em Toro. É por elas que o taxista e ex-policial Carlão, interpretado por Rodrigo Brassaloto, circula dia e noite, levando os mais diversos tipos de passageiros aos seus destinos. Seguindo a linha da protagonista do primeiro filme, que escrevia um romance policial para esquecer um pouco os problemas do cotidiano, ele tem como válvula de escape a participação em lutas clandestinas, ambiente no qual é conhecido como Toro. Nas palavras do próprio, é na porrada que ele esquece, por alguns momentos, seus traumas do passado. E eles voltam ainda mais fortes, depois do começo de uma onda de assassinatos de taxistas.

Toro apresenta seu personagem principal por meio de flashbacks, através dos quais o espectador descobre uma trajetória insólita, de garoto de classe média alta envolvido com drogas que se torna policial após se envolver com uma delegada, vivida por Priscilla Alpha. A fotografia, que nas cenas noturnas faz menção ao clássico Taxi Driver (1976), de Martin Scorsese, é o quesito mais bem acabado da produção. As atuações engessadas, aliadas a caracterização estereotipada, fazem com que a todo momento lembremos que estamos diante de uma ficção.

O título da trilogia perde o sentido, pois pouco há de vida real em Toro, por mais que traga questões como o preconceito e a violência. O que começa como um possível drama sobre um homem atormentado, torna-se uma história de detetive na qual a principal pista é desvendada nas primeiras cenas até pelo público novato no gênero. O roteiro, assinado por Júlio Meloni, tem falhas e usa clichês em momentos chaves, como a descoberta do serial killer da história, tornando o que devia ser o clímax algo mais cômico do que trágico.

A direção de arte também tem seus pecados. As lutas que Toro participa acontecem num local limpo e organizado demais, ficando difícil a verossimilhança. Se o intuito era ser inovador, a criatividade agiu de forma errada. Falta sangue, suor e lágrimas em Toro. Suor até há, mas nota-se que é cenográfico. A cara de marrenta da delegada e o visual sempre impecável da repórter que investiga os crimes tem tons das séries policiais americanas, mas sem o mesmo acabamento. Se a ideia era mostrar a vida real, a segunda parte da trilogia de Edu Felistoque perde a mão e embarca em uma fantasia promissora, mas nada convincente.

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é jornalista e especialista em cinema formada pelo Centro Universitário Franciscano (UNIFRA). Com diversas publicações, participou da obra Uma história a cada filme (UFSM, vol. 4). Na academia, seu foco é o cinema oriental, com ênfase na obra do cineasta Akira Kurosawa, e o cinema independente americano, analisando as questões fílmicas e antropológicas que envolveram a parceria entre o diretor John Cassavetes e sua esposa, a atriz Gena Rowlands.
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Grade crítica

CríticoNota
Bianca Zasso
4
Alysson Oliveira
1
MÉDIA
2.5

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