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Sinopse

Robert trabalha para a CIA há 21 anos investigando terroristas. À medida que a atividade de seus alvos se torna mais intensa, ele nota que a ação da agência passa a servir à politicagem, o que desvia o trabalho de seu curso.

Crítica

Apesar de ser parcialmente baseado no romance See No Evil, de Bob Baer, Syriana: A Indústria do Petróleo foi indicado ao Oscar 2006 na categoria de Melhor Roteiro Original. Isto porque, apesar de ter o livro como ponto de partida, o filme se propõe ser uma visão muito mais ampla de um dos maiores problemas atuais: a questão do petróleo e toda a situação sócio-política-econômica que ela engloba. O homem responsável por este trabalho definitivamente não é um qualquer: o diretor e roteirista Stephen Gaghan, vencedor do Oscar pelo intrincado enredo do multi-premiado Traffic (2000), de Steven Soderbergh.

Pode-se perceber a influência do relato de Baer no personagem interpretado com muita garra por George Clooney (curiosamente, premiado no Oscar como Ator Coadjuvante, apesar de ser protagonista desta parte da trama, além de ser também um dos produtores do filme), curiosamente batizado como Bob Barnes. Ele é um agente da CIA em missão pelo Oriente Médio que, ao ser descoberto, acaba virando peça-chave entre as relações desta parte do mundo com os Estados Unidos. Noutra ponta temos um analista de energia (Matt Damon, num dos seus melhores desempenhos) que após um drama familiar se torna consultor de um importante sheik asiático. Há ainda o advogado (Jeffrey Wright, uma presença igualmente competente) que investiga a fusão de duas companhias petrolíferas e dois rapazes muçulmanos que veem suas vidas e oportunidades sendo cada vez mais esvaziadas, até que não lhes sobre nenhum outro caminho senão deixar-se levar pela força do terrorismo. E, claro, como pano de fundo de todas estas diferentes movimentações, a força do petróleo e dos milhares de dólares que o combustível gera.

O termo “syriana” é empregado pelo governo dos Estados Unidos para definir um Estado hipotético que seria formado por todo o Oriente Médio. Ou seja, os problemas ali não são da Arábia Saudida, do Iraque ou do Líbano, são sempre da Syriana. E esta nominação serve bem ao filme, pois todas as linhas de ação fazem referência, se passam ou são influenciadas por esta região específica. Abençoado com preciosa fonte de reservas energéticas, este cenário é igualmente palco de conflitos, guerras e batalhas inesgotáveis desde o início dos tempos. Mas uma hora isso terá que acabar – a não ser que o próprio petróleo finde antes.

Problema premente de toda e qualquer sociedade civilizada atual, este debate merece ser olhado com mais cuidado e respeito, e Syriana é uma excelente, pertinente e emergencial ocasião para trazer esta discussão à tona. Por vezes complicado e de difícil acesso, como um daqueles quebra-cabeças gigantes que somente quando completado oferece algum sentido, este longa pode e merece ser recebido, acima de tudo, como um alerta sobre um assunto que não pode mais ser ignorado.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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