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Sinopse
Uma volta ao tempo na história da televisão brasileira para recontar a vida de Edna Savaget, pioneira nos programas femininos da grade televisiva nacional. Com mais de 30 anos à frente das câmaras, a escritora e poeta possuía a maior audiência do período vespertino com o seu programa, que recebia grandes nomes da cultura nacional.
Crítica
A principal função de Silêncio no Estúdio é resgatar a trajetória de Edna Savaget, figura imprescindível da televisão brasileira, pois presente da gênese à sua rápida evolução. Essa importância, aliás, sobrepuja os outros aspectos citados. A cineasta Emília Silveira claramente opta pela persona midiática/popular da jornalista, abordando Edna por prismas diversos, mas não com semelhante afinco e recorrência. Por exemplo, o fato dela ser mulher e galgar degraus em ambientes essencialmente masculinos é aludido perifericamente, como um bem-vindo subterfúgio para enriquecer a personagem, mas não se torna via central. Interessa ao documentário investigar a relação de Edna com o nosso meio de comunicação popular por excelência, já que ela comandou programas de variedades marcantes em várias épocas, desde o engatinhar do veículo que chegou com promessas de revolucionar os hábitos tupiniquins.
Edna Savaget também era escritora, tanto que Silêncio no Estúdio é atravessado pela leitura, na voz da atriz Angela Vieira, de trechos do livro que dá nome ao filme. Ademais, há uma sucessão de depoimentos de pessoas que conviveram com Edna, do marido que fala saudosamente da companheira falecida às personalidades reconhecíveis, como Fernanda Montenegro, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho e Luiz Carlos Miele. Os dizeres de diferentes fontes são costurados com fragilidade, do que decorre a sensação de inconsistência. Talvez o envolvimento da filha de Edna, Luciana, além de autora da ideia original do longa-metragem, uma de seus roteiristas, tenha sido determinante para certo pudor no registro das questões concernentes à vida pessoal da protagonista. Conjecturas à parte, Edna somente é perscrutada mais profundamente quando chega o momento de mencionar a morte em virtude do câncer.
Silêncio no Estúdio propõe questões pontuais, resvala em evidências, mas não se dispõe a responder. Prova disso, a pergunta no ar após a leitura do bilhete derradeiro sem menção ao marido. A criatividade do videografismo torna o percurso dinâmico, num trabalho destacável de Patrícia Tebet. A grande fortuna do filme, no entanto, é realmente a abundância de material de arquivo disponível. Inúmeras fotografias e vídeos são utilizados com habilidade por Emília a fim de tonificar a narrativa, para, antes de qualquer coisa, inserir a própria Edna como figura e voz ativa no documentário. Aliás, os excertos dos programas por ela comandados, nas TVs Continental, Tupi, Globo e Bandeirantes, sustentam o interesse na linha adotada. Nesses instantes percebemos a força do discurso de Edna, seguramente uma precursora. Aos testemunhos de outrem, resta a complementariedade, porque lhes falta ampliar contextos.
No âmbito geral, sobressai um intento de desbragada celebração. As recordações são fraternas, sem grandes nuances e ambiguidades. Contudo, levando em conta a clara inclinação de Silêncio no Estúdio por, antes de aprofundar-se nos meandros da mulher, delinear a importância dela à televisão, o filme é relativamente bem-sucedido, já que expõe essa vida dedicada ao cumprimento de uma função nem sempre gratificante – vide as frequentes demissões, algo tampouco estudado com tenacidade – ou a frágil constatação de prevalência comercial. Nos instantes em que a voz de Edna ecoa, sua personalidade é mais bem capturada. Assim, as contribuições alheias necessitam, impreterivelmente, das imagens e dos sons do passado para atingir proeminência. Mesmo com tais problemas estruturais, o filme é um documento afetuoso sobre essa pioneira, claudicante e incompleto, evidentemente, mas relevante.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Marcelo Müller | 5 |
Filipe Pereira | 7 |
MÉDIA | 6 |
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