Crítica


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Sinopse

Cansados de dar satisfações aos seus chefes, Nick, Dale e Kurt decidem virar seus próprios chefes abrindo seu próprio negócio. Mas um investidor trapaceiro puxa o tapete deles. Passados para trás, desesperados e sem recursos legais, os três aspirantes a empreendedores traçam um arriscado plano para sequestrar o filho do investidor e usá-lo como moeda de troca para recuperar o controle de sua empresa.

Crítica

No Brasil, a sequência Quero Matar Meu Chefe 2 sofre do mesmo problema que as continuações de Se Beber Não Case (2009): assim como os filmes seguintes tinham pouca bebida e casamento menos ainda, dessa vez não há novos chefes e muito menos vontade de assassinar alguém. O crime agora é um sequestro, e a vítima é um parceiro comercial pouco confiável. No entanto, como este novo argumento era frágil e evidente que sozinho não conseguiria sustentar um filme por completo, recorreu-se a alguns elementos já vistos antes – e que aqui retornam de forma quase gratuita – formando, desse jeito, uma mistura que desce indigesta no espectador.

A boa química entre os três protagonistas ainda existe, porém Quero Matar Meu Chefe 2 está longe de ser tão engraçado ou inspirado quanto o Quero Matar Meu Chefe (2011) original, que custou US$ 35 milhões e arrecadou mais de US$ 200 milhões em todo o mundo. A comédia de humor negro anterior tinha uma estrutura muito simples e direta, com a qual a audiência podia se identificar: três patetas se uniam para darem um jeito de se livrarem dos seus patrões, numa mistura de Pacto Sinistro (1951) com Jogue a Mamãe do Trem (1987), passando pelo óbvio Como Eliminar Seu Chefe (1980) – que, inclusive, é citado neste novo filme pelos personagens. Havia o psicopata, a devoradora sexual e o sacana, cada um ofertando variáveis impossíveis de não serem reconhecidas. Algo que, no entanto, está longe do que é visto dessa vez.

Em Quero Matar Meu Chefe 2, os amigos interpretados por Jason Bateman (o cérebro), Jason Sudeikis (o metido a conquistador) e Charlie Day (o idiota ingênuo) agora são donos da própria empresa, e de empregados viraram chefes. No entanto, ao fecharem um negócio que dá errado, se veem em maus lençóis. Na tentativa de conseguirem dinheiro rápido para evitarem a falência, imaginam um plano para sequestrar o filho do ex-sócio picareta, e assim darem a volta por cima. É claro que estas intenções não saem conforme imaginado, mas ainda assim o rapaz fica sabendo do que estava previsto e os força a seguir com a ideia, agora com a participação dele, que pretende dar um golpe no próprio pai.

As novidades do elenco são o duplamente oscarizado Christoph Waltz (que tem pouco a fazer em cena além de emular seu ar amedrontador característico) e Chris Pine, o único que está, visivelmente, se divertindo com toda essa pataquada. Jennifer Aniston, Jamie Foxx e Kevin Spacey retornam com os mesmos personagens de antes, porém são tão mal aproveitados que a única sensação que provocam é a vontade de rever o primeiro episódio para reencontrá-los em boa forma. O resto do show, portanto, é todo de Bateman, Sudeikis e Day, que seguem em perfeita sintonia, porém sem um argumento interessante o suficiente que lhes sirva de base. Dessa forma, tudo o que se consegue é uma série de gags e algumas boas piadas, que valem mais individualmente do que em conjunto.

Dirigido por Sean Anders, o mesmo do insuportável Este é o Meu Garoto (2012) – um dos piores filmes de Adam Sandler, e olha que é preciso muito esforço para se destacar dentre uma filmografia marcada pela ruindade – Quero Matar Meu Chefe 2 carece de uma estrutura mais delineada e de algo novo que realmente surpreenda, exatamente o que o longa anterior tinha a oferecer. Redundante e nada convincente, desperdiça talentos natos do gênero e se apresenta mais como um arremedo de algo que poderia ter sido – e já foi – e nunca como uma proposta nova e cativante. É mais do mesmo, apenas para movimentar as bilheterias em busca de alguns trocados – e para ser esquecido com a mesma rapidez com a qual foi planejado.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

Grade crítica

CríticoNota
Robledo Milani
4
Thomas Boeira
4
MÉDIA
4

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