Crítica
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Sinopse
Bruno e Amanda se conhecem durante um vôo que, devido a uma tempestade, tem seu trajeto desviado e faz um pouso de emergência em Belo Horizonte, onde seus passageiros terão passar a noite. Amanda é uma jovem e bem-sucedida publicitária, Bruno é um artista plástico talentoso que se recusa a amadurecer. Apesar de serem diferentes, os dois sentem uma atração inexplicável um pelo outro e vivem um amor momentâneo.
Crítica
Num destes episódios infelizmente corriqueiros de problemas aéreos, o carioca Bruno (Caio Blat) conhece a paulistana Amanda (Letícia Colin). O que leva ele à Terra da Garoa é o estado de saúde crítico do pai. Já ela está voltando para casa, à rotina atribulada numa agência de publicidade. O desejo surge, eles transam, depois cada um para seu lado. Em Ponte Aérea, o acaso é estopim e agente do reencontro posterior. Estamos no terreno da comédia romântica, de um tipo que a cinematografia brasileira não produz muito. Como em todo gênero, há convenções, caminhos mais ou menos conhecidos que acabam estabelecendo fórmulas. Aqui, os principais diferenciais, os molhos que dão algum tipo de singularidade à realização da diretora Julia Rezende, são as muitas brincadeiras com os estereótipos dos nascidos no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Os primeiros momentos do relacionamento são regados a afagos e sexo. Letícia Colin encarna uma personagem cuja sensualidade está no corpo, claro, mas também no olhar, em certo despudor natural e na confiança com a qual encara o cotidiano. Ela se encontra sempre correndo, atenta simultaneamente ao celular e a outras atividades. Amanda é um produto da pressa, da competitividade de um mercado que combina com os prédios da capital paulista. Caio Blat, por sua vez, vive um carioca da gema, pouco preocupado com as aparências, cujo lema é curtir a vida sem exigir dela mais que reciprocidade. Bruno não acha estranha sua indefinição profissional e prefere a informalidade da mureta da Urca às possibilidades noturnas da Avenida Paulista. Os mundos deles, então, colidem por conta de um sentimento que ambos não sabem bem como domar.
Como manda a cartilha da comédia romântica, Amanda e Bruno oscilarão entre paixão desmedida e dificuldade crescente. As constantes viagens de um à cidade do outro passam de excitantes a cansativas, o que evidencia um desgaste até certo ponto natural, com o qual, ao que parece, não estavam preparados para lidar. Julia Rezende habilmente muda até mesmo a abordagem das diferenças. Na fase do amor em plena fulgurância, isso soa como piada bem colocada na tela, a rigidez da pragmática Amanda em contraste com a malemolência do descolado Bruno, por exemplo. Depois, quando iniciam as desavenças, os abismos parecem mais incontornáveis e, o que é melhor, menos fruto da geografia, ainda que seja inegável a influência da mesma tanto no temperamento quanto no humor das pessoas.
Ponte Aérea é uma daquelas obras que não mudam rumos ou apresentam propostas vanguardistas. Mas como nada disso é pré-requisito básico para apreciação, sobretudo quando estamos diante de um exemplar assumidamente de gênero, com todas suas regras já previamente estabelecidas, é um prazer ver a realização de Julia Rezende, diretora que mostra talento para guiar o elenco, brincar quando a história pede leveza e não fugir do drama que, assim, se infiltra organicamente no enredo. Nada é muito complexo, e boa parte dos desdobramentos a gente consegue antever. Contudo, não dá para negar que as desventuras amorosas da paulistana empedernida e do carioca boa praça, eles que aprendem mutuamente a flexibilizar seus modos de ser, são a base de um filme divertido, com ótima trilha sonora e doses pontuais de emoção.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Marcelo Müller | 7 |
Robledo Milani | 7 |
Edu Fernandes | 7 |
Thomas Boeira | 7 |
Francisco Carbone | 8 |
Chico Fireman | 6 |
MÉDIA | 7 |
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