Sinopse
Menino que nunca cresce, Peter Pan vive uma eterna infância na Terra do Nunca ao lado dos Garotos Perdidos e da fada Sininho. Na passagem pela casa dos Darling, ele convence Wendy, John e Michael a conhecerem essa terra mágica, adiante enfrentando a ira do temível Capitão Gancho.
Crítica
A história do menino que não queria crescer, escrita pelo inglês James M. Barrie no final do século XIX, é universal. E se todo mundo a conhece nos dias de hoje, isso se deve muito em parte ao imenso sucesso da animação dos Estúdios Disney, lançada em 1953, um verdadeiro clássico do gênero! Mas há outros aspectos de sua trama igualmente interessantes, como o lado psicológico, muitas vezes negligenciado em razão do aspecto infantil do produto. Isso, felizmente, não aconteceu nessa nova adaptação feita exatamente cinquenta anos após a anterior e a primeira para o cinema numa superprodução com atores de verdade! Aqui, não só é possível acreditar no pó de pirlimpimpim e no crocodilo Tic-Tac, mas também nos porquês e nas razões por trás de cada atitude de seus habitantes e/ou visitantes.
Peter Pan (o ótimo Jeremy Sumpter, revelado no injustamente pouco visto A Mão do Diabo, 2001) é o menino líder dos Garotos Perdidos, órfãos que, desgarrados dos seus pais, vão parar na ilha da Terra do Nunca. Peter, auxiliado pela magia da fada Sininho (a francesa Ludivine Sagnier) viaja toda noite até Londres, apenas para ouvir, do lado de fora da janela, as histórias que Wendy (a revelação Rachel Hurd-Wood) conta aos seus irmãos menores, João e Miguel. Os problemas começam quando ele perde sua sombra na casa da menina, causando uma grande confusão. E assim que todos são apresentados, decidem partir juntos à Terra do Nunca para lá viver aventuras contra os piratas comandados pelo Capitão Gancho (o versátil Jason Isaacs, da saga Harry Potter), além de lutar ao lado dos índios, fugir do encanto hipnótico das sereias e se emocionar com fadas e outros seres fantásticos.
O conto de Peter Pan pode ser entendido como uma analogia relacionada a vários aspectos. Pode-se encará-lo como uma alusão à infância perdida e às dificuldades do amadurecimento, mas há também muito a ser analisado a respeito da importância das relações familiares, a descoberta do primeiro amor e de como a união e a esperança são fundamentais para qualquer grande realização. As crianças que vão à Terra do Nunca são invencíveis e brincam até não poder, mas não possuem deveres, nem noção da importância desses. Suas responsabilidades ficaram no mundo real, assim como aquilo que os ligava aos verdadeiros valores, como seus pais – que aos poucos vão sendo esquecidos – e seus costumes e tradições. E é notório a falta que sentem disso.
Ou seja, cada fase é importante, mas para avançar é preciso fazer escolhas e abrir mão de outros interesses, por mais doloroso que esse processo possa ser. E a versão 2003 de Peter Pan não só consegue mostrar isso com bastante competência, como também é eficiente enquanto diversão e entretenimento – mérito, em grande parte, à mão segura e à visão abrangente do diretor e roteirista P.J. Hogan, o mesmo do sucesso O Casamento do Meu Melhor Amigo (1997). Com uma produção de primeira linha, efeitos especiais impressionantes e uma direção de arte deslumbrante, tudo acaba se encaixando de acordo com o esperado. Como resultado, tem-se uma fábula que mantém seu espírito infantil, ao mesmo tempo que se revela ao alcance de todas as idades. Por fim, o que mais chama atenção é uma personalidade muito própria, o que, afinal, faz toda a diferença!
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 7 |
Chico Fireman | 6 |
MÉDIA | 6.5 |
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