Crítica
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Sinopse
Amy, Kiki e Carla estão sobrecarregadas e precisam lidar com o stress familiar durante a época de Natal. Tudo piora ainda mais com a visita de suas respectivas mães.
Crítica
Nenhuma das três chega a ser uma grande atriz. Vindas da televisão, Mila Kunis (That ‘70s Show, 1998-2006), Kristen Bell (Veronica Mars, 2004-2007) e Kathryn Hahn (Parks and Recreation, 2012-2015) não chegavam a ter grande experiência na tela grande – as mais bem-sucedidas eram Kunis, em papeis coadjuvantes em Cisne Negro (2010), Ted (2012) e Oz: Mágico e Poderoso (2013), e Bell, como dubladora de Frozen: Uma Aventura Congelante (2013). Por isso, quando surgiu a oportunidade de reuni-las na comédia de baixo orçamento Perfeita é a Mãe (2016), as possibilidades de algo sair errado eram muito baixas. E como se viu, o pouco investido teve um ótimo retorno: mais de US$ 183 milhões arrecadados ao redor do mundo. Esta é a única explicação para que exatamente um ano depois estejamos diante de Perfeita é a Mãe 2, filme que nada acrescenta ao original, além de simplesmente fazer uma releitura, acreditando que mais do mesmo possa, talvez em algum universo alternativo, resultar em alguma melhora de qualidade. O que, é fato, não acontece – ao menos não por aqui.
Se no primeiro filme ainda havia um pífio argumento que tentava ligar três mulheres desgastadas pela maternidade a algum tipo de discurso de empoderamento feminino – o que, precisamos ser sinceros, é uma iniciativa sempre válida, por mais tortuosa que seja – Perfeita é a Mãe 2 deixa tudo isso de lado para se concentrar em apenas um foco: as tortuosas relações entre mães e filhas. Sendo as protagonistas as mais jovens, e acrescentando à mistura suas versões progenitoras. O elenco ganha, portanto, com as chegadas de Christine Baranski (Mamma Mia, 2008), Cheryl Hines (Virei um Gato, 2016) e Susan Sarandon, que decidem passar o Natal junto às famílias de suas filhas. É exatamente a mesma ideia, vezes três. E dê-lhe originalidade, #sqn.
Tal qual ocorre em Pai em Dose Dupla 2 (2017) – a versão masculina deste aqui – as mães surgem apenas para repetir tudo o que as filhas já fazem. O confronto se dá de forma quase gratuita, pois as mais jovens são apenas versões repetidas daquelas que as geraram. Como se fosse impossível, por exemplo, ter uma filha que pensasse diferente da mãe! Não, pelo contrário. Se Amy (Kunis) é rígida e controladora, Ruth (Baranski) é igual, se não pior. Se Kiki (Bell) é insegura e amorosa, Sandy (Hines) exagera nas demonstrações de afeto. E se Carla (Hahn) só pensa em sexo e bebidas e não liga para o que diz, Isis (Sarandon) tem o mesmo comportamento, porém de modo ainda mais irresponsável. São versões exageradas daquelas já vistas no filme anterior. É curioso, num instante inicial, mas assim como contar duas vezes a mesma piada não possui a menor graça, imagine, então, o que se dá por aqui, em que tudo vem em trio.
Há, em Perfeita é a Mãe 2, no entanto, um curioso questionamento à participação masculina neste imbróglio. Se Jessie (Jay Hernandez, com uma constante cara de bobo alegre) serve apenas de escada para tiradas preconceituosas de sua nova sogra, é interessante perceber a postura de Hank (Peter Gallagher, de Beleza Americana, 1999), como o homem satisfeito em ser o apoio a uma mulher gélida e disciplinadora, porém dona dos seus próprios medos, aqueles que só ele conhece. Outro bom acréscimo é a chegada do galã Ty Swindel (Justin Hartley, da série This Is Us, 2016-, fazendo bom uso de seu corpo escultural para as passagens – vejam só! – mais tocantes da trama), que brinca com bom humor com os estereótipos a respeito dos bonitos sem cérebro, para mostrar que uma boa embalagem, às vezes, também pode responder por um grande coração.
Mesmo assim, é pouco diante das expectativas. Susan Sarandon, o maior nome aqui envolvido, nem mesmo chega a assumir a personagem na liderança dentre suas iguais, papel que acaba sendo defendido por uma Baranski ótima, mas dona de apenas um tom. E se Bell e Hahn mal conseguem ir além dos clichês que lhes são oferecidas – a segunda eventualmente alcança um pouco mais do que o óbvio – resta nos ombros de Kunis a maior decepção, tendo em mãos uma figura nada carismática, que passa discutindo com todos ao seu redor, e com a qual é quase impossível criar qualquer tipo de identificação. É certo que os desafios de ser mãe não são simples, e ninguém deve menosprezá-los. Porém, é exatamente isso que verificamos, ao reduzirem estes dilemas a uma comédia descartável da qual pouco se salva. Os diretores e roteiristas Jon Lucas e Scott Moore até tiveram alguma sorte ao lidar com adolescentes em Finalmente 18 (2013) ou com homens imaturos na trilogia Se Beber Não Case. Aqui, no entanto, eles assumem uma nova faixa etária, porém com a mesma cabeça dos públicos anteriores. O resultado não só é indigesto, como também vergonhoso.
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